Ganhos de Paulo Guedes em Paraísos Fiscais na Economia Pandêmica
Três acontecimentos externos dos últimos dias
precisam ser profundamente analisados pela sociedade brasileira, por nossos
governantes, empresários, políticos e membros do poder judiciário, diante de
uma pandemia que resultou, até o momento, em mais de 600 mil mortes. Uma
compreensão da economia pandêmica no Brasil não pode dispensar estes
acontecimentos que, com tanta clareza, nos mostra que fomos conduzidos a um
sofrimento nunca registrado em nossa história por ações governamentais no
âmbito da economia.
Há um mês atrás vimos que 17 professores das
principais universidades americanas, premiados com o Prêmio Nobel de Economia,
nos Estados Unidos, divulgaram uma carta aberta apoiando o Plano de Recuperação
americano do governo Biden. Mesmo com diferentes visões econômicas, todos
apoiaram uma forte intervenção na economia e taxação dos mais ricos, além de
elevados investimentos no capital humano, pesquisa e desenvolvimento, educação
e saúde pública, visando reduzir os custos das famílias americanas. No Brasil,
enquanto o Ministro da Economia, Paulo Guedes, ganhava em torno de 15 milhões
de dólares nos paraísos fiscais, milhares de famílias abaixo da linha de
pobreza deixavam de receber o auxílio emergencial por um longo período, no auge
da Pandemia. A justiça brasileira não pode fechar os olhos para esta ação
criminosa e desumana.
Há poucos dias, a Real Academia Sueca de
Ciências (The Royal Swedish Academy of Sciences) concedeu o Prêmio Nobel de
ciências econômicas aos economistas David Card, Joshua D. Angrist e Guido W.
Imbens por terem trazido contribuições metodológicas para a análise das
relações causais, desafiando a sabedoria convencional entre os economistas e
revolucionando a pesquisa empírica nas ciências sociais no mercado de trabalho.
Estes dois acontecimentos mostram que Paulo
Guedes não passa de um falastrão e um economista arcaico de ultradireita, que
ainda acredita no liberalismo de mercado como a solução dos problemas
econômicos do Brasil. O único país que adotou o liberalismo de ultradireita da Escola
de Chicago foi o Chile, que incrementou a riqueza de poucos, destruindo
políticas sociais e levando o povo à miséria. Alguns economistas brasileiros
vêm apontando que o plano econômico de Paulo Guedes, baseado numa economia de
mercado, numa economia pandêmica, está navegando na contramão. A posição de
Guedes como superministro foi a irresponsabilidade mais danosa enfrentada pelo
Brasil e pelos brasileiros.
O último acontecimento é a participação de
Guedes nos paraísos fiscais, conforme publicações sobre os Pandora Papers, que
“expuseram o Sistema Corrupto que deixa que os ricos do mundo evitem o
pagamento de impostos” e proporciona impunidade, camuflando e blindando o
capital, a riqueza e a prosperidade de poucos. Já foi dito que este sistema de
offshore serve para esconder e guardar a riqueza roubada do mundo. Como
acreditar em Paulo Guedes enquanto usuário das ferramentas de esconder dinheiro
em paraísos fiscais, responsáveis por desigualdades e desestabilização do
mundo, sendo ministro da economia?
Soma-se aos três acontecimentos externos, acima
citados, um acontecimento interno que pode ser visto como um dos mais
importantes de nossa história – CPI da Covid-19, cujo relatório acaba de ser
aprovado, com mudanças da versão original para atender outros interesses. Mesmo
assim, a CPI da Covid-19 vai oferecer subsídios não só aos cientistas da saúde,
mas aos advogados e Cortes Justiça, que vão decidir inúmeras ações judiciais
resultantes do coronavírus. Para os economistas e cientistas sociais, a lição
vai levá-los talvez a uma mudança paradigmática, já apontada pelo último Prêmio
Nobel de Economia.
Como visto acima, enquanto em várias partes do
mundo salvar vidas tornou-se o ponto mais importante de uma economia pandêmica,
no Brasil o menosprezo pela vida está demonstrado, por não aceitar que a
responsabilidade fiscal esteja vinculada à responsabilidade social e
sustentável. Esta ação criminosa não é mais papel de economistas, mas da
justiça, diante de milhares de mortes, experimentos humanos com o tratamento
precoce, miséria e outras perversidades, que levaram muitos a catarem ossos e
carne podres nos lixões do país em busca de comida. Cortaram o auxílio emergencial
dos mais pobres, mas não reduziram os subsídios das empresas e corporações.
O negacionismo do governo em relação à Pandemia
e outras ações deliberadas resultaram numa comprovada destruição da economia
pandêmica, sofrimentos e mortes, com crimes de responsabilidade que precisam
ser apurados e julgados. No Brasil o campo é fértil para advogados e Cortes de
Justiça julgarem os crimes da economia pandêmica. As informações são
abundantes.
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