Altas Taxas de Juros Não São Respostas ao Controle de Preços

 

Fonte: USA Senator Bob Casey

As críticas do Presidente Lula às altas taxas de juros não devem ser vistas como heresias, uma vez que não são respostas ao controle de preços, conforme argumentos de alguns economistas. Numa era de tantas incertezas e mudanças, os economistas devem ir além do que já foi escrito em seus velhos manuais.

Ao criticar a corrida para se usar altas taxas de juros para combater a inflação, a Professora Isabella Weber, da Universidade de Massachusetts  Amherst, foi vista como tendo cometido um ato de heresia, depois de ter seus comentários publicados no Jornal inglês, The Guardian, em junho de 2021.

A rejeição às ideias da Professora Weber, vistas como heresias, principalmente por parte de renomados economistas, tinha que acontecer, a exemplo do Prêmio Nobel de Economia, Paul Krugman, ao chamá-la de “verdadeiramente estúpida” e outros que a chamaram de “perversa”. Ainda bem que o economista Paul Krugman voltou atrás e pediu desculpas a Professora.

Para ela, um novo paradigma de estabilização é necessário. “Estamos vivendo num mundo de sobreposições emergenciais – mudança climática, pandemia, tensões geopolíticas e mais choques certamente virão”. Neste caso, “os tomadores de decisões precisão estar preparados para reagir antes que os preços se propaguem por todo o sistema novamente, já que elevadas taxas de juros não são a resposta”, disse ela.

Portanto, neste mundo de sobreposições emergenciais precisamos de um novo manual de política econômica sobre como as políticas monetárias e fiscais devem interagir para se evitar atritos como aconteceram entre o Presidente Lula e o Presidente do Banco Central.

Nos últimos meses o debate sobre as altas taxas de juros e o controle da inflação ganhou folego em várias partes do mundo e, há poucos dias, a Professora Weber disse que chegou o tempo de reduzir as taxas de juros, pedindo que os Bancos Centrais mudem suas políticas monetárias.

Recentes informações mostram que os elevados lucros das corporações são os principais condutores da inflação atual e as empresas continuam a manter os preços elevados, mesmo com a queda dos custos inflacionários. Assim sendo, a chamada inflação da ganância ou avareza (greedflation) e a inflação dos vendedores (seller’s inflation) precisam ser estudadas no Brasil.

A “Greedflation” é definida como sendo os aumentos de preços excessivos que as empresas implantam para tirar vantagem de uma situação inflacionária, aumentando seus lucros.  Este termo foi transformado de “seller’s inflation”, discutido pela Professora Isabella Weber, quando afirmou que uma das razões para a inflação do momento é resultante da explosão de lucros das corporações e não da demanda dos consumidores.

A melhor definição de “Greenflation” (acima) foi dada pelo Senador americano, Bob Casey, quando disse que é sobre como as corporações obtém registros de lucros nas costas das famílias americanas. No Brasil, sabemos o quanto as famílias são castigadas com as elevadas taxas dejuros definidas pelo Banco Central.

No próximo texto trataremos desta questão, quando sabemos que a política monetária do Banco Central continua aplicando as maiores taxas de juros do mundo, talvez defendendo mais os elevados lucros das empresas, em detrimento da pobreza, desemprego e desenvolvimento do país.

Até que enfim a Professora Isabella Weber trouxe o debate de política monetária para uma dimensão social. No caso do Brasil, este debate poderá ser enriquecido por parlamentares tanto de direita quanto de esquerda, em busca de um dlesenvolvimento sustentável, colocando no seu devido lugar o que foi aprovado como “Independência do Banco Central”.

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