Doente e Cansado de Ser Roubado pela Inflação da Ganância
Não há dúvidas de que o povo brasileiro está doente e cansado de ser roubado pela inflação da ganância ou lucros e avareza exagerados das corporações (greedflation) ou “inflação dos vendedores”, enquanto as famílias de trabalhadores são forçadas a pagarem, de forma ultrajante, os elevados preços de gás, aluguel, alimentos e medicamentos.
O termo
“inflação dos vendedores” ou inflação da avareza ou ganância (greedflation) foi criado pela Professora
Isabella Weber, da Universidade de Massachusetts Amherst, ao mostrar que a
política monetária de Bancos Centrais de cobrar altos juros para controle da
inflação é infundada.
Para ela, a
inflação do momento não é um problema de demanda, mas de aumento de preços
abusivos por parte das corporações, tendo ainda a proteção de Bancos Centrais,
que castigam severamente os trabalhadores e o desenvolvimento, principalmente
em países menos desenvolvidos. Ela mostrou que esta política é danosa para os
trabalhadores, ao proteger os elevados lucros das corporações, que estão
causando inflação.
No Brasil, há poucos dias, o Professor André Roncaglia
mostrou como se dá a voracidade pelos lucros no setor extrativo do país, citando
como atuam três corporações, entre as maiores do mundo (Petrobras, Eletrobras e Vale), devastando os recursos naturais do
país para distribuir lucros aos acionistas, como “as maiores pagadoras de
dividendos do planeta”.
Assim sendo, é notória a voracidade das elites econômicas
e políticas deste país sobre o “lucro fácil” “da exploração rudimentar dos recursos
naturais”, incluindo um agronegócio insustentável, sobrando para a sociedade as
tragédias de Mariana e Brumadinho e as constantes
violações de regras ambientais, sem falar nos repetidos apagões, “fruto da crescente
privatização do setor elétrico”.
Com o poder do Banco Central, principalmente
depois de sua independência, foi possível manter por mais de dois anos a taxade juros mais alta do mundo (13,75%), suficiente para tirar o coro da classe
média e das classes de baixa renda, sobretudo a partir da Pandemia, em benefício
das corporações.
Um ponto que chama a atenção sobre a
independência do Banco Central é que ela assegura que políticos não interfiram
no processo de tomada de decisões da política monetária. Mas o seu propósito nunca foi o de evitar o
engajamento dos políticos eleitos com as questões monetárias.
Isto demonstra
que as questões de política monetária devem ser sempre discutidas pelos
políticos, enquanto representantes do povo. Por fim, o debate político sobre
política monetária deve ser parte natural da democracia.
Por sua
vez, este debate político deve ser fortalecido e intensificado neste período de
mudanças climáticas e outras crises, até para se saber qual a política
econômica exigida neste século 21.
A política
monetária deve ser objeto do discurso democrático, que agora se fortalece com o
trabalho da Professora Isabella Weber que traz o debate de política monetária
para uma dimensão social e política.
Por fim,
política monetária deve ser sobre melhorias econômicas gerais e o papel de
bancos centrais não deve se limitar apenas à responsabilização destas
instituições, que podem estar definindo políticas monetárias danosas para a sociedade.
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