Sexismo Patriarcal Ostensivo e Misoginia nas Forças Armadas
Fonte: Senado Federal
O governo
Lula fala tanto em democracia, mas dá sinais de cumplicidade em apoiar o
sexismo patriarcal ostensivo e a misoginia nas Forças Armadas, conforme pareceres
da Advocacia Geral da União - AGU, contrariando a subprocuradora Elizeta Ramos, da
Procuradoria Geral da República – PGR.
Para a
procuradora, vetar o acesso de mulheres a determinadas funções (armas no jargão
militar) dentro das Forças Armadas representa uma “discriminação em razão do
sexo incompatível com a Constituição Federal”. Isto contraria o argumento do Exército
sobre a “fisiologia feminina”, que compromete o desempenho das mulheres em
determinadas funções.
Recente
publicação da Revista Forbes, Estados Unidos,
sobre o estudo de mulheres em operações militares especiais mostra o
sexismo patriarcal descarado dentro das Forças Armadas para prejudicar as mulheres.
Vale lembrar que há mais de oito anos as leis americanas permitem que as mulheres
já participem de funções que estão querendo proibir aqui no Brasil.
De acordo
com este estudo, muitos homens acreditam que as mulheres não devem ocupar
funções em operações especiais. Um dos entrevistados respondeu: Você acha que
elas estão buscando oportunidades profissionais? Por favor, seja honesto. Elas estão buscando
um esposo, namorado ou atenção.
Além disto,
ofensas e abusos sexuais são praticados de forma ostensiva em muitas unidades e
quase todas as mulheres alegaram passar por isto. Apesar disto, o estudo
concluiu que as mulheres nem sempre relatam os abusos sexuais, com medo de
retaliações e preocupações com o fim da profissão.
De acordo
com a Revista Forbes, é interessante notar que muitas das questões descobertas no
relatório é um retrato do que acontece com as mulheres no ambiente de trabalho na
vida civil, todos os dias. Só discriminação e abusos sexuais. É o verdadeiro
retrato da misoginia.
Elas também
relataram que são penalizadas quando se comportam de forma agressiva, mas
disseram: Quando um homem é agressivo é visto como forte, “mas se eu sou, sou
uma puta”. Aí estão algumas das informações coletadas de 2.300 mulheres
atualmente servindo ao ARSOF (Army Special Operation Forces), segundo a Forbes.
Também, no
Reino Unido, informações desta natureza foram levantadas. A cientista política
Judith Hicks Stiehm já sugeriu que o aumento do número de mulheres no serviço
militar, especialmente em posições de comando e poder, vai tornar mais difícil para
os homens sexualizar as mulheres e tratá-las como objetos.
Assim
sendo, só com o aumento de mulheres em funções de comando pode forçar uma mudança
cultural. Num inquérito no Reino Unido mulheres do serviço militar, pela
primeira vez, foram convidadas para testemunhar junto aos parlamentares a
experiencia delas.
Pesquisa recente
das Forças Armadas mostrou um retrato preocupante: 73% relataram comentários
sexualizados inapropriados, 20% experimentaram toques sexuais inapropriados, 8%
experimentaram assaltos sexuais e 3% disseram ter sido estrupadas.
Possivelmente
temendo represálias, abusos sexuais nas cortes militares são seis vezes menores
do que nas cortes civis, mostrando que não há confiança no sistema até para
aqueles que relatam sérios incidentes.
Por fim,
não é a fisiologia feminina e o que se tem no meio das pernas que se deve
considerar na participação das mulheres no serviço militar. Temos exemplos de mulheres
guerreiras que morreram em combates das Forças Armadas americanas. Felizmente,
o Brasil não vive em guerra, mas deve evitar que alguns de seus militares
participem de atos golpistas.
Barrar as
mulheres de participar de funções nas nossas Forças Armadas é enfatizar o
machismo, autoritarismo e misoginia, em detrimento da democracia e direitos
humanos. É a manutenção de um anacronismo cultural nas Forças Armadas, cujos
resultados estamos experimentando.
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