Participação de Profissionais de Saúde em Algoritmos de IA
É reconhecida a ameaça dos algoritmos de Inteligência
Artificial (IA), que estão tirando o controle e a construção da realidade de
nossas mãos em benefício de poucas corporações – Big Techs. Portanto, o
desenvolvimento de tecnologias de IA na área de medicina e saúde pública só
deveria ser permitida com a participação plena de profissionais de saúde em
laboratórios de IA em todo o mundo.
Não devemos esquecer o que eminentes pesquisadores na
área da tecnologia estão dizendo sobre o poder e o controle da IA:
O cientista da computação Geoffrey Hilton disse
recentemente: "A IA tornará algumas pessoas muito mais ricas e a maioria
das pessoas muito mais pobres".
Por outro lado, Alan Turing mencionou as consequências
das máquinas de IA:
"Vamos supor... que essas máquinas sejam uma
possibilidade real e analisar as consequências de construí-las. Haveria muito o
que fazer ao tentar, digamos, manter a inteligência de alguém no padrão
estabelecido pela máquina, pois parece provável que, uma vez iniciado o método
de pensamento da máquina, não demoraria muito para superar nossos fracos
poderes... Em algum momento, portanto, devemos esperar que as máquinas assumam
o controle".
Muitos de nós conhecemos o potencial das tecnologias
de IA para melhorar os cuidados de saúde e a saúde pública, mas devemos
considerar que o desenvolvimento de algoritmos de IA para a saúde deve evitar
as falhas da tecnologia da informação em saúde dos últimos anos. Num modelo de Desenho Participativo deve-se envolver os profissionais de saúde, de modo que seja
possível desenvolver e projetar tecnologias de IA sustentáveis, responsáveis e
éticas, evitando-se a sujeição humana das Big Techs.
Contudo, os profissionais de saúde devem estar cientes
de que apenas conhecer as falhas da tecnologia da informação em saúde no
passado não é suficiente. Já foi dito que não compreendemos o presente e
precisamos recuar bastante no tempo para conhecer a gama de rupturas no cenário
social.
Já foi mencionado, também, que devido à obscuridade do
chamado "complexo de dinâmicas" na história do Ocidente, "não
compreendemos o presente". No entanto, esse complexo explica rupturas em
diversos campos, como religião, economia e, agora, a emergente inteligência
artificial, com todas as rupturas derivando de fontes originais.
Entre as principais perturbações podemos citar a
ameaça à democracia, os riscos existenciais da destruição ambiental e das
mudanças climáticas e as intrusões da inteligência artificial “tirando a
construção da realidade das nossas mãos”.
A literatura demonstra que, ao longo dos anos, os
arranjos institucionais e seu poder absolutista, como a Divindade Cristã, o
Estado e o Mercado Neoliberal fracassaram, tendo como sucessora a Tecnologia.
Portanto, afirma-se que a Tecnologia atingiu o "status de absolutismo
fundacional na forma de inteligência artificial generativa".
Nesse sentido, os profissionais de saúde devem ter uma
visão ampliada para examinar as vísceras da história, a fim de compreender como
enfrentar o presente, tendo em mente que a promoção de interesses dominantes,
tanto nos arranjos institucionais mencionados quanto na Tecnologia, visa manter
a sujeição humana.
O exemplo do cientista da computação Geoffrey Hilton,
mencionado acima, é muito claro sobre isso. Nesse caso, os profissionais de
saúde precisam compreender as atuais rupturas e os riscos existenciais
enfrentados pelas comunidades ocidentais no contexto da sujeição.
Por fim, as falhas do absolutismo da Divindade Cristã,
do Mercado e do Estado resultaram na criação do absolutismo da Tecnologia, que
já demonstra falhas em não responder aos riscos existenciais, levando o ser
humano a uma sujeição nunca vista antes, principalmente com o advento da
Inteligência Artificial.
Como resultado disso, os profissionais de saúde devem
adotar uma abordagem participativa no desenvolvimento e design de sistemas de
informação e algoritmos de inteligência artificial para a medicina e a saúde
pública. Além disso, devem ter grande influência nas atividades regulatórias
que visem aplicações responsáveis, sustentáveis, eficientes e eficazes, com uma
base ética reconhecida.
Não queremos que uma lei seja vista como uma arma,
como foi mencionado nos Estados Unidos sobre o Take it Down Act, assinado pelo
Presidente Trump e sua esposa. Nesta "era de regulamentação tecnológica gangster", muita reflexão deve ser feita sobre inteligência artificial não
apenas por legisladores, mas também por acadêmicos, profissionais de diferentes
áreas científicas e pela sociedade.
Em relação à Inteligência Artificial, em muitos casos
será necessária a interferência dos Tribunais de Justiça. Estamos falando de
riscos existenciais e da nossa realidade existencial, devendo os profissionais
de saúde defenderem regulamentações éticas da Inteligência Artificial para
mitigar o poder absolutista da Tecnologia e a condição de sujeição humana.
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