Combustíveis Fósseis e Pum e Arroto de Bois Dominam COP30

Fonte: Jornal Nacional                                                                                                                                  

É lamentável que, mais uma vez,  a COP30 tenha sido dominada pela avareza das grandes corporações, cuja ganância e lucros as levam a desprezar os dois fatores que mais poluem o planeta, a exemplo dos combustíveis fósseis e os pums e arrotos de vacas e bois.  

A classe política mundial, financiada por tais corporações, a exemplo do Brasil, pouco faz para atenuar os riscos de uma crise climática que tanto nos amedronta, diante dos terríveis acontecimentos em todo o mundo. Enquanto isto, o pecado capital da avareza é aprovado pela COP30 como se nada estivesse acontecendo, isentando os grandes poluidores.

Era de se esperar que a realização da COP30 no Brasil seria um desastre, a partir das decisões políticas dos últimos anos voltadas para o desmatamento,  destruição ambiental e projetos de exploração de combustíveis fósseis na Foz do Amazonas.

O ponto positivo da COP30 no Brasil foi o de dar a oportunidade à população indígena de mostrar ao mundo as condições deploráveis em que vivem na floresta, enfrentando todo tipo de ameaças tanto do lado das políticas governamentais de invasão de suas terras como de mineradoras, grileiros, fazendeiros e dos que lucram clandestinamente com a exploração da floresta.

Outro ponto positivo foi mostrar que uma coisa é a propagada governamental sobre a Amazonia e a outra foi a de mostrar as expectativas da população indígena nos últimos 30 anos de COPs, que não trouxeram mudanças substanciais na vida dos povos indígenas. Embora o Presidente Lula tenha chamado a COP30 de “COP da Verdade”, a líder Ruth Alipaz, da Bolívia, disse que a “COP30 é mais uma versão da mentira”.

Esta semana de novembro só trouxe notícias tristes para as questões ambientais no mundo. Enquanto a COP30 chegava ao seu final com a péssima notícia de que decisões  para reduzir a produção de combustíveis fósseis não seriam tomadas, nos Estados Unidos, maior poluidor do mundo, o Presidente Trump recebia, na Casa Branca, de forma pomposa, o chefe de Estado da Arábia Saudita, maior produtor de Petróleo do mundo, dando um sinal do fracasso da COP30 sobre combustíveis fósseis.

Mas nos Estados Unidos não foi só isto que aconteceu. Esta semana o Presidente Trump apresentou uma série de propostas, que se forem finalizadas e confirmadas pelos tribunais, poderão remodelar a política ambiental do país, segundo advogados e ativistas ambientalistas.

Para o pesquisador em política ambiental e professor da Escola de Direito de Vermont, Pat Parenteau, a menos que sejam impedidas pelos tribunais, cada uma das propostas de Trump causará danos irreparáveis à qualidade da água, às espécies ameaçadas de extinção e aos ecossistemas marinhos do país.

 É estranho o que foi dito em Belém pelos sauditas, segundo a imprensa, ou seja, os países árabes estão entre as economias que menos emitem C02 por habitante, jogando a culpa aos que consomem e importam petróleo. Este argumento tem uma certa semelhança com a afirmação recente do Presidente Lula, quando disse que os traficantes de drogas “são vítimas dos usuários”.

Enquanto isto, o presidente Trump montou a maior máquina de guerra do mundo no Caribe para matar os produtores e distribuidores de drogas, visando proteger os consumidores americanos. Estamos falando de coisas diferentes, mas todos elas movimentam dinheiro na economia.  

A decepção da comunidade científica com os resultados das decisões da COP30 nos causa um grande temor e a sociedade civil mundial deve agir para aliviar nosso sofrimento, reagindo às decisões de nossa classe política, que nos submete a todo tipo de horrores.

Considerando as decepções com as COPs, um valioso e poderoso instrumento que pode ser utilizado de forma intensa pela sociedade é o boicote contra o consumo, contra a avareza e ganância das corporações e uma classe política a elas submissa.

Devemos partir para o boicote de produtos dos maiores poluidores do mundo como Estados Unidos e China, reagindo às ações de nossos governantes que saem pelo mundo vendendo carne bovina, aumentando a poluição ambiental com pums e arrotos de vacas e bois. É preciso ainda o boicote e redução do consumo de carne bovina no Brasil.

Temos ainda que reduzir o consumo de petróleo no país, reduzindo o número de automóveis por família e exigindo o uso intensivo do transporte público não poluente,  principalmente nas grandes cidades.

Depois de 30 anos de COPs, as crises e desastres ambientais só aumentam. O boicote - voto da carteira - é uma das armas que dispomos e deve ser usada contra a avareza das corporações, urgentemente e de forma articulada. 
 

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