Desumanização e Matança do Povo Palestino no Mundo Ocidental

 

Fonte: A Crítica                                                                                                                                             


A desumanização do povo palestino sempre foi escondida e reforçada no mundo ocidental, sendo um recurso político e ideológico frequentemente utilizado por vários líderes, em intensa manipulação. O conflito Palestina-Israel poderia ser um conflito humano, a ser resolvido num Processo de Paz.

No entanto, ao longo dos anos, a Paz foi removida e o Processo foi reforçado, resultando na criação do Hamas e na brutalidade e violência de um genocídio contínuo. Neste cenário violento temos que enfatizar a identidade pacífica do povo palestino e do povo israelense, contra ações genocidas de pessoas da extrema direita, que preferem o chamado tribalismo.

Já foi mencionado que o conceito de “desumanização” “é um tema importante na psicologia social e descreve o processo pelo qual indivíduos ou grupos são privados de suas características humanas e são tratados como objetos ou animais”. Trata-se de impor superioridade moral para justificar a subordinação de outros. Desumanização é negar o direito a uma existência digna a certos grupos, além de submetê-los a agressões constantes.

Recentemente, o secretário-geral da ONU, António Guterres, afirmou que o ataque do Hamas “não aconteceu no vácuo” e que o “povo palestino foi sujeito a 56 anos de ocupação sufocante”. Ele falava deste processo de desumanização em que o povo palestino vive na segregação e na violência, vendo o arame farpado que rodeia os seus campos de refugiados, na maior prisão a céu aberto do mundo, enfrentando a dor que nunca escapa.

O secretário-geral da ONU foi duramente criticado pelo governo de Israel, mas parecia ter o apoio de 120 países a favor de um cessar-fogo na guerra Hamas-Israel, enquanto Israel e os Estados Unidos ficaram isolados com o apoio de menos de 15 países , mostrando que este conflito não é resolvido pelo poder militar.

Isto indica a falta de liderança entre as potências do mundo ocidental, reforçada pela divisão dos países europeus. O silêncio do mundo ocidental em relação ao conflito é uma demonstração do quão grave foi a desumanização do povo palestino, minando a coesão social e a construção de consensos.

O Presidente Biden mencionou que “a liderança americana é o que mantém o mundo unido”, mas os resultados da reunião da ONU indicam o quão isolado ele está no apoio inabalável a Israel, colocando em risco a sua oportunidade de reeleição. A desordem mundial é tal que a comunidade internacional é incapaz de obrigar Israel a obedecer às resoluções da ONU e a respeitar o povo palestino.

Vale a pena mencionar o que disse um ex-soldado israelense, Ariel Bernstein, como ativista anti-ocupação e pesquisador da ONG Breaking the Silence:

“Agora, quero ser a voz da razão para os soldados enviados para mais uma guerra. A força militar não resolverá este problema se não for acompanhada de uma solução política que ofereça esperança tanto aos palestinos como aos israelenses.” Para ele, a comunidade internacional deve ajudar alcançar isso.

Ele continua dizendo: “O primeiro passo é pedir a redução da escalada e o retorno dos nossos reféns. Quando a guerra terminar e os disparos cessarem, devemos perceber que não é um fim, mas apenas o começo. Ambas as nações que vivem nesta terra merecem um futuro que vai além da destruição mútua”.

Mesmo esquecidos nos cantos do mundo, tanto o povo palestino como israelense sentem-se cada vez mais ligados à sua terra ou à Terra Santa. É por esta memória coletiva que devem lutar juntos e continuar a existir. Deveriam resolver de forma pacífica a divisão de suas terras, evitando as vozes que manipulam em direção à arquitetura da destruição.

Em suma, é necessário travar uma guerra coletiva contra a desumanização do povo palestino e contra comportamentos que revelam indiferença à dor dos outros. Precisamos de uma guerra coletiva em favor de uma paz duradoura na Terra Santa e não através da força militar ou de ações terroristas.

Apesar do pedido de ajuda de Ariel Bernstein, a elite dominante em alguns países do mundo ocidental parece indiferente à dor dos outros. Além disto, temos uma mídia dominante nestes países que desumaniza os palestinos para justificar o genocídio em Gaza. Por conta deste genocídio, a Bolívia já cortou relações diplomáticas com Israel. O Chile e Colômbia parece que estão no mesmo caminho.  

Uma sociedade que desrespeita e não protege a vida humana está longe do alcance da dignidade humana e é aperfeiçoada na brutalidade, na violência e na desumanização. Não devemos suportar esta terrível angústia em silencio.

Comentários