Ética, Avanços Tecnológicos e Implicações das Moedas Digitais
Fonte: Banco Central do Brasil
O Brasil vinha demonstrando que seria pioneiro na
implementação de moedas digitais no mundo, sem demonstrar a ética destes
avanços tecnológicos e as profundas implicações sociais que seriam acarretadas
por tecnologias ainda desconhecidas.
Isto é muito estranho, considerando que a evolução
rápida das tecnologias e a integração da inteligência artificial nas nossas
vidas diárias vão transformar profundamente a forma como iremos interagir com
computadores.
Nem os profissionais da área científica computacional
sobre a interação homem-computador, denominada em in inglês por HCI (Human
Computer Interaction) sabem ainda dos impactos destas tecnologias na vida deles
e das pessoas.
Por conta disto, vários cenários estão sendo
desenhados sobre as implicações destas tecnologias na vida das pessoas, a
começar com as consequências ambientais em termos do consumo de energia e lixo
eletrônico. Neste caso, o foco é no desenho responsável destas tecnologias,
considerando as questões éticas e de sustentabilidade para assegurar uma
relação harmoniosa entre tecnologia, sociedade e o planeta.
A questão ética é de fundamental importância nestes
cenários por acompanhar os elevados e baixos níveis de sustentabilidade
ambiental, bem como os elevados e baixos níveis de igualdade social, tentando
ajudar a guiar discussões sobre como criar um futuro mais igual e sustentável.
Logo que o PIX foi implementado, a sua ética foi questionada. No Brasil, o Banco Central introduziu o PIX, como parte dos
sistemas de pagamento instantâneo que estão se proliferando no mundo, embora
não se saiba nada ainda sobre a efetividade deles.
Democracias mais avançadas como os Estados Unidos e
Canadá, por exemplo, não introduziram ainda seus sistemas de pagamento
instantâneo como o PIX, insistindo na busca de oferecer um arcabouço legal
destinado a dar garantias de segurança da tecnologia e outras garantias
relacionadas com questões sociais, ambientas, éticas e de privacidade e
transparência.
A colonização digital pelas Big Techs está se dando de
forma sistemática e efetiva, conforme estudos realizados nos Estados Unidos e
Reino Unido, tendo avançado muito seus serviços digitais na vida das pessoas
durante o período da Pandemia, enquanto seus lucros cresciam a ritmo de
foguete.
Até na área de HCI existe a preocupação com a
trajetória em busca da maximização de lucros e avareza, que precede as práticas
de desenho. As empresas de tecnologia priorizam a geração de lucros, que
resulta em pobre usabilidade, excluindo potencialmente as populações mais
pobres.
Este enfoque direcionado por lucros alcança o desenho
de sistemas e serviços, priorizando ganhos a curto prazo em detrimento de uma
sustentabilidade e igualdade a longo prazo. A Inteligência Artificial, por
exemplo, explora dados das pessoas sem uma consideração genuína doo bem-estar
do usuário, tornando os indivíduos em meras fontes de dados.
Este enfoque vem mostrando seus vieses e exacerbando
as desigualdades sociais. Portanto, há
uma necessidade crítica de se mudar para
enfoques mais responsáveis, centrado nas pessoas, desenvolvendo tecnologias que
assegurem um futuro mais igual e sustentável.
Alguns pesquisadores estão mostrando que o uso de
moedas digitais de Bancos Centrais pode ser o fim da democracia no mundo, já
que estão construindo uma rodovia monetária para o inferno. Neste país, já
apontamos vários exemplos de escândalos, quando as Tecnologias de Informação e
Comunicação (TICs) foram usadas de forma silenciosa para violar a privacidade e
direitos humanos das pessoas.
Por fim, o problema das moedas digitais de Banco
Centrais não é só a tecnologia, mas o poder político e a justiça social. É
preciso compreender que as tecnologias têm o potencial de desencadear
consequências sociais indesejáveis e inesperadas para todos nós, através de
punições que poderão ser severas.
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