Preferência pela Morte, Saúde Pública e Liberdade

 

Fonte: Fotos Públicas            

Ao declarar que “prefere morrer a perder a liberdade”, o Presidente Bolsonaro confirma, mais uma vez, sua preferência pela morte nesta Pandemia, o que foi acompanhado por seu Ministro da Saúde. Não é à toa que o país chegou a mais de 600 mil mortes, superior a qualquer um dos mais recentes genocídios como o de Darfur, que registrou carca de 400 mil mortes e o de Rwanda, cerca de 500 mil mortes.

Não só na guerra, mas nesta Pandemia, a maioria das pessoas são favoráveis a práticas rápidas de se prevenir mortes em massa. Contudo, é lamentável ver as autoridades máximas do país na área de saúde serem contrárias a medidas reconhecidas mundialmente como métodos de prevenção de baixo custo para se combater o coronavírus. Estudos de cientistas sociais e filósofos vem mostrando os cuidados sobre a prevenção de riscos como sendo um ponto positivo no cumprimento das recomendações de saúde pública, diante das ameaças nesta Pandemia.

Pesquisas realizadas adotaram fatores como crenças, visão de mundo e ideologia política, entre outros, para mostrar o comportamento das pessoas em relação ao coronavírus. Mesmo nos Estados Unidos, muitos dos simpatizantes do Partido Republicano demonstraram ser favoráveis às medidas de restrições, a exemplo do uso de máscaras, lockdowns, vacinas e distanciamento social, embora em número inferior aos simpatizantes do Partido Democrata. Não foi registrada confiança em Trump, em relação ao combate do coronavírus. Também, em relação à confiança na ciência, seus simpatizantes não o acompanharam.

No Brasil, a maioria da população demonstrou ser favorável à vacinas, contrariando a confiança em Bolsonaro que impôs o horrível kit Covid para a população. Quanto à ciência, a população demonstrou ser contrária ao charlatanismo e outras crenças nocivas à sociedade, embora aceitas pela maioria dos políticos e boa parte dos empresários.

Com uma nova onda do vírus, acompanhada agora com o Omicron, o debate sobre saúde pública e liberdades civis reacende no mundo, principalmente na Europa. É justo que uma maioria vacinada fique presa, isolada e tomando três ou quatro doses de vacinas, para se livrar do vírus transmitido por uma minoria que não quer tomar vacinas e sai espalhando o vírus entre os vacinados?  Devem as liberdades civis sofrerem restrições em nome da saúde pública e bem-estar de todos? De onde vem o pensamento dominante das liberdades individuais sem restrições diante de uma Pandemia tão severa?

Pesquisa realizada nos Estados Unidos, em 2020, demonstrou que a maioria dos americanos apoiava o governo na imposição de restrições de saúde pública durante a Pandemia, mesmo reduzindo algumas liberdades civis. Em resumo, os americanos abandonariam algumas de suas liberdades para combater o coronavírus. Tanto no Brasil como na Alemanha, as Cortes de Justiça máxima dos dois países tornaram as medidas restritivas de controle do vírus constitucionais. Não fosse o STF e ações dos governadores, no Brasil, que adotarem medidas que contrariaram o Presidente Bolsonaro, era incalculável o número de mortes no país.

Recente pesquisa na Alemanha mostrou que cerca de 70% da população apoia a vacina obrigatória, quando há um ano apenas 33% apoiava esta medida. Durante a sua campanha política, o atual Chanceler da Alemanha, Olaf Scholz, rejeitava a vacinação obrigatória. Agora, com a fúria da variante Delta e o medo do Omicron, está apoiando uma lei para torná-la compulsória.  Em Singapura, o governo determinou que as contas hospitalares de pacientes não vacinados pela própria escolha, serão pagas por eles. Esta medida pode ter contribuído para o aumento de vacinados no país. Por sua vez, na Áustria, a vacinação se tornou obrigatória. No Brasil, Bolsonaro é o único chefe de Estado que não quer adotar restrições para o controle do vírus. Isto foi muito bem demonstrado e reconhecido pela CPI da Covid e pelos recentes recursos jurídicos de renomados juristas pedindo o seu impeachment.

Se na Áustria, com forte influência nazista, os não-vacinados tem que permanecer em lockdown e pagar pesadas multas, caso desrespeitem a lei, como pode Bolsonaro permitir que turistas internacionais não-vacinados sejam permitidos entrar no país, com a grande possibilidade de contaminar a população brasileira, que vem sofrendo para se livrar do vírus, depois de verem carregados nas costas mais de 600 mil mortes.

O valor da liberdade nesta Pandemia tem que ser considerado em relação aos deveres que se deve ter em relação à saúde dos outros. Querer enfatizar as liberdades civis desprezando os deveres que se deve ter com saúde das pessoas é um exercício fútil, inaceitável e criminoso. Ademais, a defesa de liberdades por Bolsonaro é mais do que suspeita, considerando seu comportamento e ameaças à democracia brasileira. Além disto, sua defesa de liberdade é um movimento da extrema direita no mundo que causa espanto e medo. Será que a classe política e os empresários vão continuar aceitando isto?


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