Diferenças do Trumpismo e Bolsonarismo nos Atos Golpistas
Fonte: Agencia Brasil
Do ponto de vista tático, o golpismo trumpista e bolsonarista parece ser similar, porém, do ponto de vista estratégico, as
diferenças são gigantescas e, a cada dia que passa, estão assombrando o mundo.
Os grupos trumpistas golpistas desejavam simplesmente manter Trump no poder e o
principal deles, o Proud Boys, já é visto em países como o Canadá e Nova
Zelândia, como sendo um grupo terrorista.
No Brasil, o bolsonarismo golpista foi
engendrado dentro do próprio governo, com a participação das forças armadas e
da classe política que, ao longo do tempo, se beneficiava de recursos, a
exemplo do orçamento secreto. Durante o governo Bolsonaro, enquanto o Supremo
Tribunal Federal sozinho suportava toda sorte de ameaças, a classe política, a
exemplo do Centrão, era alinhada ao governo.
Ao se
ver governador afastado, ex-ministro da justiça preso e acampamentos de
bolsonaristas nos quartéis, já se começa a dimensionar o poder do bolsonarismo
golpista e seus riscos ao Brasil e ao mundo. Neste caso, estamos diante de um
golpismo poderoso e perigoso, totalmente diferente do golpismo Trumpista dos
Estados Unidos, que não teve apoio das forças armadas, limitando-se aos
defensores de Trump.
Não há dúvidas, como é dito por parlamentares
americanos, Trump inspirou o terrorismo doméstico no Brasil e os Estados Unidos
não devem ser o refúgio de figuras autoritárias como Bolsonaro, que deve ser
extraditado. Infelizmente, estamos diante de movimentos fascistas em vários países,
mas no Brasil as forças armadas demonstraram estar inseridas nestes movimentos.
Ao chamá-las de “minhas forças armadas”, Bolsonaro nos leva ao momento de se provar
o papel delas no Brasil.
Assim sendo, não é estranho a participação de
militares nos movimentos golpistas, até porque o governo Bolsonaro era um
governo militarizado. Para alguns ministros do atual governo, incluindo o próprio
Ministro da Defesa, a participação de militares nestes atos são casos isolados.
Espera-se que assim seja.
Há poucos dias, a Organização dos Estados
Americanos (OEA) se reuniu para prestar apoio ao Brasil, sendo duro o discurso
de todos os seus membros em defesa da democracia brasileira, a exemplo dos
Estados Unidos, Canadá e vários outros, favoráveis ao governo Lula,
recém-eleito. O mesmo aconteceu com a União Europeia, que levantou preocupações
sobre o que está acontecendo no Brasil.
A história nos mostra que nossas forças armadas
nunca largaram o poder político facilmente e no momento representam o segmento
mais privilegiado na administração pública. Isto tem gerado a insubordinação, a
exemplo do marinheiro que se negou a transmitir o cargo para não prestar continência
ao Presidente Lula. Resta ver agora se os participantes do golpismo dentro delas
serão punidos, a partir de Bolsonaro, que pode passar de Comandante-em-Chefe
das forças armadas para um homem-bomba.
O Presidente Lula prometeu trazer a justiça
para enquadrar os terroristas que causaram vandalismos no Congresso Nacional,
no Supremo Tribunal Federal e no Palácio do Planalto. Os terroristas estão sendo
identificados e, nos próximos dias, começaremos a saber como se deu o ataque
terrorista à República do Brasil.
Em Washington, sempre existiu, nos últimos anos,
uma legião de pessoas investidas na promoção da democracia (pesquisas, escritórios
do Congresso, organizações de direitos humanos, parte da mídia e outros
profissionais), diariamente, encarregados de animar a crença de que os valores
da democracia americana devem se estender pelo mundo inteiro, considerando-se
que os Estados Unidos têm um papel importante em estendê-los.
Infelizmente, estamos vendo que nos últimos cinco
anos este projeto, que parecia excepcional, está em risco, diante de uma
realidade muito dura. A democracia nos Estados Unidos está enfrentando momentos
difíceis e tensos por conta de ganhos políticos de extremistas nacionalistas e
o anacrônico rangido de instituições políticas do país. Neste caso, ao invés de
exportar valores democráticos, está também trazendo alguns atrasos autocráticos
com ecos em muitos países, a exemplo de nosso ataque terrorista.
Só através da união de todos os países
democráticos do mundo é possível enfrentar os movimentos nazi-fascistas que estão
ameaçando vários países, incluindo o Brasil, na defesa da democracia. Se não quisermos
cair na desgraça, temos que seguir o exemplo da Alemanha, que desde o final da
Segunda Guerra Mundial nunca parou de destruir seus mitos e enfrentar demônios.
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