O Medo da Morte da Extrema Direita no Congresso Nacional

 

Fonte: You Tube                                                                                                                                             

A violência e brutalidade registradas no Congresso Nacional, há poucos dias, pode ser explicada pelo medo e negação da morte, que vem fortalecendo a extrema direita no Brasil e no mundo. Estudos vem mostrando o quanto a violência, ódio, conspirações são resultantes da negação e medo da morte.

Já foi dito que líderes populistas autoritários prosperam com o medo da morte, razão pela qual psicólogos, antropólogos, sociólogos, filósofos e outros cientistas precisam dar uma resposta à sociedade sobre os comportamentos horrorosos de nossos parlamentares. As teorias do antropólogo Ernest Becker e a teoria de gerenciamento do terror podem ajudar na análise comportamental violenta de nossos parlamentares.

Assim sendo, as teorias acima citadas nos oferecem uma estrutura sociopsicológica que explora as maneiras pelas quais os humanos lidam com a ansiedade existencial decorrente da consciência de sua própria mortalidade. Neste caso, o medo da morte é um impulsionador fundamental do comportamento humano.

A relação entre religião, política, religiosidade e o medo da morte tem sido, há muito tempo, um tema central na psicologia, sociologia, teologia e política. Durante séculos os humanos recorreram à religião como um meio de lidar com a ansiedade existencial causada pela consciência da mortalidade. As crenças religiosas fornecem narrativas que explicam o que acontece após a morte, oferecendo conforto, esperança e um senso de propósito da vida.

O declínio dos valores religiosos tradicionais, associado a um crescente sentimento de alienação cultural e política, levou o medo a desempenhar um papel predominante nas ideologias políticas tanto da direita quanto da esquerda nos últimos anos.

O que a conscientização sobre a morte faz com as pessoas? A teoria do gerenciamento do terror sugere que quando as pessoas não estão pensando na morte, ela ainda exerce influência. O inconsciente permanece no problema mesmo depois que as pessoas usam estratégias para acalmar o medo, afastando-o da consciência. 

O medo permeia a vida das pessoas e a política. Nos Estados Unidos Trump tornou-se o mestre do medo, segundo a literatura, conseguindo ganhar duas eleições. Além disto, vem espalhando seu discurso do medo, violência e ódio para fortalecer a extrema direita pelo mundo. No Brasil, Bolsonaro tentou imitá-lo, espalhando o medo e a violência que, há poucos dias, foi usada pelo Congresso Nacional.

São várias as experiencias do uso do discurso do medo e da violência na política pelo mundo afora  e podemos citar algumas delas que incluem o Brasil, a saber:

- O 6 de janeiro de 2021, quando os seguidores de Trump invadiram o Capitólio, tendo ele dito que se eles não lutassem como se estivesse no inferno não teriam mais um país. O resultado disto foi horrorizante;

- O 8 de janeiro de 2024, quando bolsonaristas golpistas invadiram e depredaram as sedes na Praça dos Três Poderes em Brasília, num dos maiores ataques à democracia brasileira. A Justiça brasileira está prestes a julgar os traidores da Pátria;

- A recente violência e motim no Congresso Nacional, quando parlamentares da extrema direita pediam anistia ampla, geral e irrestrita para os traidores da Pátria.

É possível que no Brasil os valores religiosos sejam diferentes dos valores do povo americano. Mesmo com o declínio destes valores no Brasil, vale lembrar que na América Latina a religiosidade esta presente na orientação das pessoas sobre a morte, considerando a riqueza de fundamentos religiosos, principalmente na Igreja Católica, que considera a morte como caminho de nossa Salvação e Vida Eterna.

A teologia da libertação e os ensinamentos do veterano teólogo, Jon Sobrino, radicado em El Salvador, martirizado com outros jesuítas, nos orienta sobre o Evangelho de Cristo e nos afasta da negação e do medo da morte. O livro do teólogo Jon Sobrino, intitulado “Fora dos pobres não há salvação”, nos ajuda a refletir sobre a vida e morte.

Voltando à política, o que se observou nos últimos anos foi uma forte ligação entre a direita e extrema direita no Brasil, que foi muito desastrosa. A experiencia dos anos anteriores foi quebrada, quando a democracia do país se mostrava enriquecida com o revezamento de poderes entre esquerda e direita.

Felizmente, o pronunciamento do Presidente da Câmara vem fortalecer nossas esperanças e luta pela democracia ao dizer: “Eu não vejo dentro da Casa um ambiente para, por exemplo, anistiar quem planejou matar pessoas...”.

Nos Estados Unidos a imprensa comenta sobre o medo de congressistas americanos votarem contra Trump, que envolve a própria morte ou de familiares, enquanto outros comentam sobre a possibilidade de uma guerra civil. Onde está a democracia?

Por fim,  não podemos descartar as ameaças de Trump e dos Bolsonaro ao Brasil. Ambos são personificações ambulantes da teoria de Becker e as ansiedades existenciais deles vão levar não só o Presidente Lula, como chefe da nação, mas todos os brasileiros a sofrimentos perversos. Só a união da esquerda e direita democráticas podem nos fortalecer a continuar nossa luta pela vida.


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