Pecuaristas Americanos e Qualidade da Carne Brasileira

 

Fonte: You Tube                                                                                                                                             

As associações de pecuaristas americanos elogiaram não só as tarifas, mas a investigação de Trump sobre o desmatamento e qualidade da carne brasileira, que não se enquadra no padrão de qualidade deles, que levou mais de dez anos para ser construído.

Nossa crítica foi contundente ao ataque de Trump à democracia brasileira e ao Ministro Alexandre de Moraes não só aqui, mas na mídia internacional. Contudo, nossa crítica também vem sendo contundente aos Poderes da República, quando se trata da destruição ambiental.

A investigação de Trump sobre o desmatamento pode ser um brefe, mas pode ser um alerta para a sociedade brasileira, que não parece preocupada com o descaso das autoridades brasileiras em continuarem com a destruição ambiental, como os exemplos recentes das leis do marco temporal, do agronegócio e da destruição.

A natureza criminosa destas leis precisa ser tipificada pela justiça ambiental do país, como já foi o caso do marco temporal, considerada ilegal pelo STF (Supremo Tribunal Federal). Além disto, é preciso que se recorra às Cortes Internacionais, que recentemente se tornaram bastante rígidas em relação aos crimes ambientais. 

Os governos no Brasil aceitaram o discurso perigoso, falso e danoso de que o Brasil deveria “alimentar o mundo”. Para isto fortaleceram corporações e abriram as portas dos bancos públicos para financiar o desmatamento, tomar as terras dos índios e envenenar a população com agrotóxicos, sem nenhuma preocupação com a soberania alimentar.

O resultado disto está aí, com a concentração de riquezas em poucas mãos, o empobrecimento da população e, no caso da carne, a fila do osso. Não podemos, também, deixar de falar da exploração e regime de escravidão de mulheres, índios e negros nos campos deste país.

Assim sendo, os governos deste país deveriam pedir perdão à sociedade pela falta de defesa de um programa sobre a soberania alimentar, revertendo recursos públicos do suor do povo brasileiro nos bancos públicos, beneficiando corporações avarentas, para áreas como agroecologia e reforma agrária, voltadas para o desenvolvimento sustentável.  

A investigação de Trump, que pode barrar para sempre a entrada da carne brasileira no mercado americano é em cima do desmatamento ilegal, conforme está descrito no documento oficial, Seção 301, que abrange várias atividades da economia brasileira:

“Evidências indicam que a falta de aplicação efetiva das leis e regulamentações ambientais no Brasil contribuiu para o desmatamento ilegal no país, e pecuaristas e agricultores brasileiros têm utilizado essas terras desmatadas ilegalmente para a produção agrícola, incluindo pecuária e uma ampla gama de culturas, incluindo milho e soja”.

“A conversão de terras desmatadas ilegalmente para a produção agrícola proporciona uma vantagem competitiva injusta às exportações agrícolas, reduzindo custos e expandindo a disponibilidade de insumos agrícolas.”

Todos nós devemos ser contra o desmatamento ilegal e, pelo que se comenta, as grandes corporações são responsáveis por isto. O documento de Trump só não cita que foi no governo Bolsonaro, que o desmatamento ganhou força no país. É muito estranho a investigação de seu governo sobre desmatamento no Brasil, num momento em que já demitiu centenas de cientistas e especialistas que analisavam os efeitos das mudanças climáticas.

Para a professora de ciências políticas da Stanford University, Margaret Levi, Trump nega a ciência e sai das projeções baseadas nela, mostrando os custos das mudanças climáticas sobre os cidadãos. Para ela, Trump está interessado nos negócios e não no bem-estar dos cidadãos.

Por outro lado, as associações de pecuaristas americanos já vinham pedindo a proibição da entrada da carne brasileira no mercado americano, a exemplo da National Cattlemen’s Beef Association (NCBA) ou Associação Nacional de Pecuaristas, por conta das “sérias preocupações com a segurança alimentar.  Para estes grupos, a fiscalização frouxa da segurança alimentar no Brasil está colocando os consumidores americanos em risco, além de prejudicar a reputação da carne bovina entre os consumidores.

Para um dos diretores da NCBA, Kent Backus, não foram as questões competitivas que levaram sua associação a pedir a suspensão das importações da carne bovina do Brasil, mas devido ao fraco histórico do Brasil em notificações de doenças, particularmente a encefalopatia espongiforme bovina atípica (EEB) e outras ameaças à saúde animal.

Para Backus, “a última coisa que queremos é colocar nosso rebanho e nossos consumidores em risco". "Também não precisamos negociar com países que possam minar ou comprometer a imagem de confiança da carne bovina que construímos nos Estados Unidos."

Assim sendo, pelo que se comenta na imprensa americana, eles têm criticado a qualidade da carne brasileira, sobretudo sobre “o histórico alarmante de febre aftosa e de não relatar surtos de saúde animal, como casos de doenças da vaca louca”.

Com isto, dificilmente a carne brasileira entrará no mercado americano. Isto é mais um exemplo da falsa promessa de “alimentar o mundo”, a serviço do agronegócio das grandes corporações. A soberania alimentar do Brasil deve repudiar a avareza destas corporações e se concentrar na agroecologia e reforma agrária, a serviço de todos.  


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