Urnas Eletrônicas no Relatório das Forças Armadas Bolsonaristas

 

Fonte: Funajufe          

Como instituição da defesa nacional, as Forças Armadas foram oportuna e corretamente indicadas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para participar da Comissão de Transparência das Eleições (CTE) e do Observatório de Transparência Eleitoral (OTE), juntamente com dezenas de outras entidades.

Um dos acontecimentos mais importante do voto eletrônico no Brasil foi a criação desta Comissão, visando “aumentar a participação de especialistas, representantes da sociedade civil e instituições públicas na fiscalização e auditoria do processo eleitoral, contribuindo, assim, para resguardar a integridade das eleições”, ampliando o controle social do voto eletrônico.

Com certeza e boa-fé, o TSE esperava estar lidando com as Forças Armadas da Nação brasileira e não com as forças armadas de Bolsonaro que, de forma irresponsável, atuou durante o seu governo para desacreditar as iniciativas do voto eletrônico no país. Uma coisa é dizer que urnas eletrônicas são suscetíveis a fraudes e outra coisa é que que elas foram, estão e serão fraudadas.  

É papel das Forças Armadas “resguardar a integridade das eleições” e não agir como fizeram, incentivando práticas golpistas e antidemocráticas, a serviço do governo de plantão. O responsável pelas eleições é o TSE e não as Forças Armadas. Não cabem a elas, de forma indisciplinada estarem preparando relatórios sobre as urnas eletrônicas, a serviço de outros interesses com o intuito de atiçar movimentos golpistas. 

Neste caso, juntamente com a Comissão, elas deveriam ter dito o que disseram, mas logo após o primeiro turno, ou seja, que não houve fraudes nas eleições, resguardando a integridade das urnas. Ao contrário de muitos jornalistas, não vejo nada demais as Forças Armadas terem falado sobre os riscos de urnas eletrônicas, desde que isto seja tratado de forma adequada e não visando práticas golpistas.

O grande erro do TSE, ao longo dos anos, foi divulgar uma fé cega sobre a segurança do voto eletrônico. Toda tecnologia tem seus riscos e as urnas eletrônicas não são diferentes. Num país onde se regista muitas coisas erradas, não dá para dizer que as urnas são tão seguras assim. Daí a importância e mérito da Comissão de Transparência, que deveria ter sido criada há muitos anos.

O que mais chama a atenção no Relatório das Forças Armadas é que elas, como instituição da segurança nacional, não trataram da relação entre tecnologia e segurança nacional no tocante à urna eletrônica. Será que não trataram do tema por falta de conhecimento e competência? Aliás, neste governo militar, a competência dos militares foi claramente exposta, a exemplo da desastrosa gestão do General Pazuelo no Ministério da Saúde. 

O papel das Forças Armadas neste país precisa ser revisto até para se evitar o nível de desmoralização a que chegaram. Talvez para suprir isto ficam tentando dar lições de liberdade e moralidade, como está acontecendo nos últimos dias. Acreditamos que um bom número de nossos militares, pelo que é divulgado, não compartilha do pensamento dos que estão atrelados ao poder do atual governo, derrotado nas urnas.

A derrota de Bolsonaro no Brasil há poucos dias e a derrota de Donald Trump, que está se dando nos Estados Unidos nas eleições dos últimos dias, traz esperanças de que a democracia ainda é possível. Infelizmente nossas Forças Armadas estão dando demonstração de que não querem aceitar que a nossa democracia se fortaleça com a legitimidade do voto.  

Se querem participar da política abandonem a farda e busquem esta legitimidade, não sendo cúmplices de movimentos arruaceiros que estão na frente dos quartéis querendo apoio para derrubar um governo que acaba de ser eleito. Se não houver uma punição severa para os que estão agindo fora da lei, práticas golpistas vão continuar sendo parte de nossa história. Precisamos de nossas Forças Armadas como sustentáculo de nossa democracia, sempre obedientes ao poder civil. Um Ministério da Defesa bolsonarista nunca mais!

O poder emana do povo e não dos que estão na frente dos quartéis praticando a desordem, vistos como praticantes da liberdade. O pior é que sempre queremos culpar os que estão na frente dos quartéis como os responsáveis pela desordem, esquecendo que o grande responsável por tudo isto é e sempre foi a elite brasileira, que financia tudo isto. Que país é este!

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