Shein e Pesadelo Chinês na Crise do Varejo - Feitiço Contra Feiticeiros

 

Fonte:Ecotextile                                                                  

A Shein e o pesadelo chinês estão afetando empresas nos setores de vestuário, calçados e xtil, que atravessam uma grande crise no varejo do país, com consequências desagradáveis para a sociedade brasileira.

Os grandes varejistas do país demonstraram um forte apoio às reformas liberais e um engajamento favorável ao governo Bolsonaro em seu primeiro ano de governo, mas logo perceberam que o feitiço estava caindo sobre os feiticeiros.

Logo em 2020, no início da Pandemia, grandes varejistas se dirigiram ao Ministério da Economia reclamando da “alta nas taxas de juros e da escassez de crédito nos bancos diante dos danos econômicos causados” pela Covid-19. Acontece que o governo não atendeu as demandas dos varejistas e, como hoje, com uma taxa de juros de 13,75% é impossível a sobrevivência de qualquer empresa.

Assim sendo, a crise pandêmica e o arrojo na economia, sem reformas, levaram o país a registrar um empobrecimento da população e uma drástica redução de consumo, principalmente nos setores acima citados, levando muitos à fila do osso e a mortalidade por conta da negligência nos programas de vacinação no país.

Apoiado ou não pelos grandes varejistas, o governo anterior deixou de cobrar imposto dos produtos importadas da China, temendo perder as eleições. Esta iniciativa beneficiava as empresas chinesas e os consumidores, em detrimento dos varejistas do país. 

O novo governo teve que resolver o problema do governo anterior, quando tentou introduzir a taxação de produtos importados e ajudar o setor varejista em termos de uma competição mais justa. Como era de se esperar, a reação da população foi tamanha que o governo teve que revogar a taxação. Por conta disto recebeu duras críticas dos varejistas, ao contrário do governo anterior.

A população não só estava acostumada a não pagar impostos, como não podia pagá-lo, mesmo adquirindo produtos por menos de metade do preço dos similares nacionais. A solução do problema foi trazer a gigante chinesa Shein para o país, com o propósito de produzir para o mercado nacional e internacional. Já em 2022, a Shein tornou-se a maior do mundo no setor de moda. Isto nos dá uma ideia do poder desta empresa e o que pode acontecer no Brasil.

Pelo que se comenta, a “Shein já vende mais que Renner, Riachuelo e C&A em moda online. Só a Shein e o Mercado Livre venderam em produtos de moda no Brasil, em 2022, “muito mais do que varejistas tradicionais de vestuários”. Portanto, empresas como a Dafiti, Renner, Arezzo, Soma, Guararapes/Riachuelo e C&A vão enfrentar sérios pesadelos de competição.

Infelizmente, não é só no campo varejista, mas em diversos setores da economia, que nossas empresas não parecem adotar estratégias e se tornarem mais competitivas. Numa economia do conhecimento é de fundamental importância que as empresas invistam em tecnologias e práticas sustentáveis para enfrentar a crise atual em busca de competitividade.

Se a Shein e o pesadelo chinês estão afetando nossas empresas, no momento, o que será delas no enfrentamento do maior pesadelo que vem aí, e que não está sendo levado a sério por muitas delas? Estamos vendo a nova política industrial dos Estados Unidos e Europa, voltada para a definição de uma nova ordem mundial sustentável, enquanto o Brasil parece ter se definido pela China.

Neste caso, a própria Shein já começa a sentir o maior pesadelo que vem aí, que já é chamado de “pesadelo da sustentabilidade”. Boa parte das empresas brasileiras vão, com certeza, enfrentar este pesadelo, diante da falta de preocupações com a educação ambiental e em sustentabilidade.

Conhecida por seus estilos ‘modernos’, grande variedade de produtos e preços baixos, o sucesso da Shein parece imbatível. Contudo, por trás deste sucesso, várias preocupações estão surgindo em relação à sustentabilidade, sendo a Shein observada em várias partes do mundo como uma empresa que demonstra completo desrespeito ao meio ambiente. A nossa experiencia atual com avarentos chineses é desastrosa.

A Corporação Canadense de Transmissão (CBC-NEWS) noticiou recentemente que um casaco de criança vendido pela marca de moda rápida (fast fashion) da Shein continha quase 20 vezes mais chumbo do que é permitido para crianças, enquanto uma pulseira da Shein tinha cinco vezes mais do que é considerado seguro.

Pela análise, foi dito que os canadenses que estão comprando estes produtos de baixo custo, estão se expondo a substâncias químicas potencialmente tóxicas. Para a professora de química da Universidade de Toronto, Miriam Diamond, não vale a pena estas compras, pois o custo é muito elevado para a saúde no futuro e a saúde ambiental. Para ela, não é só o consumidor que está sendo exposto aos efeitos danosos do chumbo, mas toda a cadeia produtiva, desde a mineração até o transporte do produto-final.

Estudos similares sobre a Shein foram realizados na Alemanha, Noruega e Estados Unidos, mostrando que o pesadelo da sustentabilidade é uma ameaça a esta empresa. Por fim, as empresas brasileiras que já estão também sendo ameaçadas por este pesadelo não devem estar preocupadas com a Shein e o pesadelo chinês, mas em como enfrentar a maior crise deste século.

A única saída é a reindustrialização do país de forma sustentável, lembrando que tanto os Estados Unidos como a Europa estão diversificando suas cadeias de suprimentos, reduzindo a dependência da China. No cenário mundial atual um país forte é o que tem uma indústria forte, orientada para práticas sustentáveis. No próximo texto citaremos empresas brasileiras defensoras da sustentabilidade.

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