Revolução da Moda e Sustentabilidade na Indústria da Moda

 

Fonte:La Femme Bauru                                                                

Para amenizar a destruição da Natureza, que tem vida como nós, temos que apoiar o Movimento de Revolução da Moda para combater a avareza de empresas sem compromissos com a sustentabilidade na indústria da moda.

Muitos de nós, amantes da moda, somos também amantes da Mãe-Terra, que está demandando uma mudança de comportamento em direção ao que se chama de moda ética e sustentável. A nossa estima e valorização da Mãe-Terra é a principal força desta mudança.

Embora seja a segunda mais poluidora do mundo, perdendo apenas para a indústria petrolífera, a indústria da moda vem se movimentando muito vagarosamente em direção à sustentabilidade. A maior evidencia de mudança na indústria da moda, nos últimos anos, surgiu em 2013, com a criação do movimento de Revolução da Moda.

Assim sendo, a Revolução da Moda ou Fashion Revolution surgiu em 24 de abril de 2013, quando o glamour da moda se desmoronou com o desabamento do prédio Rana Plaza, em Dakha, capital de Bangladesh, matando mais de mil pessoas e deixando mais de 2500 feridos.

Foi aí que se tirou a máscara da indústria da moda, diante das condições desumanas, precárias e indignas de trabalho nas indústrias de confecções. Grandes marcas como C&A, Gap, Carrefour, Walmart, Zara, entre outras, que recebiam confecções deste prédio não assumiram responsabilidade com as vítimas e seus familiares diante do desabamento, mesmo sabendo que o prédio continha rachaduras.

Diante deste desastre surgiu o sentimento de que a indústria da moda não poderia ser a mesma, dando início a uma revolução, quando a ativista britânica Carry Somers e a italiana Orsola de Castro fundaram o movimento Fashion Revolution, que ganha força em mais de 100 países, representado no Brasil pelo Instituto de Revolução da Moda.

Com a Pandemia, a indústria da moda é novamente desmascarada, como parte de um capitalismo irresponsável e selvagem, explorando o trabalho forçado e a destruição de vidas dos Uyghurs na região de Xinjiang, na China. Lá estavam empresas como a Nike, Amazon, Adidas e outras fazendo parte de cadeias de suprimentos, onde a avareza e lucros pornográficos eram o grande incentivo para reduzir o valor de vidas humanas.

As armas do movimento da Revolução da Moda são iniciativas de se avançar numa moda ética e sustentável, enfatizando os pilares ambiental e social da sustentabilidade, embasados na ética, transparência, educação e conscientização, negados pelas empresas.

Em 2022, tivemos duas novas evidencias de mudanças, sendo uma delas proposta pelo Revolução da Moda. Ao publicar os índices de transparência de grandes corporações, a Revolução da Moda mostrou que o rei estava nu e chegou o tempo de se acabar com a brincadeirinha destas corporações, que nos últimos anos vinham publicando em seus relatórios anuais que já tinham alcançado a sustentabilidade. Elas podem ter alcançado o que se chama de sustentabilidade fraca, limitada aos aspectos econômicos.

 A segunda evidencia de mudança surgida em 2022 se refere a nova lei discutida no Estado de Nova York, que caiu como uma bomba nos Estados Unidos e que trata da sustentabilidade da indústria da moda, enfatizando também os pilares social e ambiental.

Se aprovada, esta será a primeira legislação nos Estados Unidos a tornar mandatório o comportamento das marcas da moda global, forçando a indústria da moda mostrar seus impactos sociais e ambientais. A nova lei vai exigir que as marcas da moda global resolvam, de forma agressiva, suas posições de sustentabilidade.

As perguntas feitas no momento são: a nova lei de sustentabilidade da moda e de responsabilidade social será aprovada? Uma nova lei que mantém os pesos pesados de marcas responsáveis vai se tornar realidade? É possível que se tenha a resposta a estas questões ainda este ano.

Espera-se que a Revolução da Moda comece a explorar as cadeias de suprimentos da indústria da moda, enquanto ambientes complexos e opacos, criados pela globalização e redução de custos, mas capazes de reduzir e esconder as pegadas de carbono de muitos.

Gigantes da moda, a exemplo da Shein, estão chegando ao país causando pesadelos, mas em parcerias com outros, apesar de críticas ao seu modelo poluidor de fast fashion. Espera-se que o país introduza também uma legislação sobre a sustentabilidade da moda, hoje poluidora e sem transparência, deixando no mercado apenas os defensores de uma moda ética e sustentável e da vida humana e animal.

Deve-se combater o capitalismo selvagem no setor e só através de uma reindustrialização inovadora e sustentável vai ser possível competir numa economia do conhecimento, que refuta matérias primas tóxicas e poluidoras embutidas nos produtos fabricados.

Comentários

Cristina Pereira disse…
Levantar essa discussão é de grande valia para esta indústria bem como cada um de nós consumidores dessa moda.