Poder da Música e dos Artistas no Bloqueio do Mundo em Chamas

 

Fonte: Centre for Climate Safety                                                            

O poder da música e dos artistas vem atuando nos últimos meses na luta contra a catástrofe ambiental, com cantores, músicos e compositores alinhados com expressões como ‘mundo em chamas’,  ‘era da ebulição global’  e assim por diante.

Nos últimos dias, vimos que vários órgãos responsáveis ​​por estudos climáticos registraram o mês de julho como o mais quente da história. Acabamos de ver o inferno que varreu o oeste de Maui na semana passada, onde casas foram reduzidas a escombros em Lahaina, capital do reino havaiano, com o número de mortos estimado acima de 100 e equipes de busca ainda visitando casa em casa, em busca de restos humanos.

Mais do que nunca, o poder dos artistas e da música deve ser usado para aumentar a conscientização e a preocupação com a devastação do mundo, para que possamos responder à pergunta: quando o fogo vai parar? Infelizmente, a resposta a esta pergunta requer muitas reflexões em termos de interesses econômicos, comportamento humano e ideologia política.

Quando vemos países como Arábia Saudita, Canadá e tantos outros com as maiores reservas de combustíveis fósseis do mundo e Estados Unidos, China e Índia com as maiores reservas de carvão, podemos perceber que parar o mundo em chamas não é uma questão de fácil resposta.

Menciona-se que a transição dos combustíveis fósseis para as energias limpas está acontecendo rapidamente, mas sabemos que esta mudança não vai acontecer tão rapidamente depois de alguns limites, agora que os países desenvolvidos mais poluentes estão utilizando mais de 60% de combustível fóssil em suas atividades. Em um país como os Estados Unidos, a ideologia política pode reverter tudo facilmente, ou seja, da energia limpa de volta ao combustível fóssil.

Parece que o discurso de desenvolvimento sustentável em mais de 20 anos não passou de blá, blá, blá e negócios como sempre, como mencionou a jovem ativista climática Greta Thunberg na Cúpula da COP26, vista como um festival de greenwashing . Da forma como os incêndios se intensificaram nos últimos anos, a COP26 foi uma demonstração clara de que os interesses econômicos estão acima dos interesses da humanidade.

Nesse sentido, o desafio exige muita reflexão profunda, em um mundo onde a relação entre produção e consumo precisa ser melhor compreendida em termos de pegada ecológica. O total desconhecimento da relação entre ideologia política e comportamento do consumidor precisa ser melhorado, assim como nossos valores e elevada estima pela Mãe Terra.

Além disso, sabe-se que o discurso da sustentabilidade tem negligenciado seu pilar social, o espaço mais apropriado para os artistas, a música e as artes. Em síntese, deve-se enfatizar o pilar social da sustentabilidade e incluir outros pilares inerentes à cultura, ética e transparência para contemplar e fortalecer cada vez mais o poder de nossos artistas, música e artes.

Já foi dito que o campo da música e sustentabilidade é pouco pesquisado, dificultando o aumento da conscientização e participação da sustentabilidade da música no meio ambiente. Precisamos de uma discussão crítica sobre o potencial de formação de competências em sustentabilidade musical, tendo em vista que as diversas combinações de arte e sustentabilidade são importantes para a produção de conhecimento, com “a arte conectando conhecimento, moral, beleza e vida cotidiana, como constitutivas do comportamento sustentável ”.

Estamos vendo a ameaça das mudanças climáticas destruindo meios de subsistência e minando o desenvolvimento sustentável com ênfase no pilar econômico, negligenciando a orientação de nossos cientistas ambientais e o pilar social responsável por uma transformação de um verdadeiro desenvolvimento sustentável. Os artistas e a música devem fazer parte dessa transformação, e outras áreas do conhecimento como o direito ambiental.

Não precisamos conscientizar nossos artistas, porque eles têm consciência profunda do que está acontecendo. O que precisamos rapidamente é fortalecer poder deles de transformação, feito através do trabalho musical.

Nos últimos meses, a obra do compositor John Luther Adams e seu profundo conhecimento da relação entre música e natureza enfatizaram o poder dos artistas e da música. Em sua recente apresentação na Universidade de Harvard, ele pôde mostrar o quão forte é seu trabalho acadêmico e sua música.

Além disso, vale a pena mencionar a música da cantora icônica norte-americana, Dolly Parton, e sua visão sobre o papel dos políticos nessa confusão mundial. A música ’World on Fire', certamente pode nos ajudar a nos conscientizar e agir por um comportamento melhor e sustentável.

Uma versão original, em inglês, deste trabalho foi publicada pelo site da Medium. 

https://medium.com/@jrodrigues.filho33/the-power-of-artists-and-music-to-stop-the-world-on-fire-adfacbcedf02?sk=9058ff56574040fdb2a77122386f59e7


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