A Feminização da Economia Machista e Igualdade de Gênero

 

Fonte: Unimed                                                                                                                                               

Cuidar de crianças faz parte da economia, mas na economia machista este cuidado não é valorizado e remunerado.


As mulheres têm enfrentado batalhas ferozes em busca da igualdade de gênero,  incluindo a feminização de uma economia machista ou de machos. Arrodeadas de instituições machistas de todos os lados, desde as igrejas até o complexo bélico-militar, elas sempre buscaram uma luz para fugirem da violência, feminicídios, desigualdades e sofrimentos.

Embora valorizadas por Cristo, que chegou a escolher uma mulher para testemunhar a sua Ressureição, na economia do homem racional as mulheres foram excluídas, desvalorizadas e submetidas à opressão para manter a maximização de lucros, em cumprimento ao pensamento econômico machista dominante. 

Uma alternativa à escola de pensamento econômico clássico (heterodoxo) é a economia feminista, antes vista como subversiva, por enfatizar a questão de igualdade de gênero, visando direitos, oportunidades e responsabilidades iguais entre homens e mulheres, além do trabalho não-remunerado das mulheres.

Imagine as dificuldades de nossos pesquisadores em avançarem pesquisas na área da economia feminista no Brasil, principalmente nos últimos anos, numa área vista como subversiva pelos conservadores de uma economia essencialmente machista.

A COVID-!9 chegou abrindo espaços para se pensar na feminização da economia, considerando a importância da economia de cuidados das pessoas, economia sustentável e, principalmente, uma agenda de igualdade social e combate às desigualdades, pobreza e violência. 

Neste caso, começa-se a perceber a importância do trabalho não-remunerado na economia, a exemplo do cuidado das pessoas e atividades do lar, sempre desempenhada pelas mulheres. Já foi dito, que as mulheres trabalham também no roçado, mas os homens nem sempre se envolvem com o trabalho não-remunerado. 

Além disto, a COVID-19 deixou bem claro para o mundo, principalmente para os países democráticos, que sem uma redução das desigualdades e violência, não existirá democracia, razão pela qual os principais países capitalistas introduziram iniciativas de feminização da economia, a partir da economia de cuidados e sinais de reconhecimento do trabalho não-remunerado das mulheres.

Há poucos dias, nos Estados Unidos, o Senador Bob Casey encaminhou um ofício ao Government Accountability Office (GAO), órgão similar aos nossos Tribunais de Contas, pedindo que o órgão conduza um inquérito sobre as contribuições do trabalho doméstico não remunerado e de cuidado das mulheres, como parte da economia nacional. Para ele, sem uma contabilidade formal do trabalho não remunerado, ele permanece invisível e desvalorizado. 

São vários os estudos mundiais sobre o trabalho não remunerado, faltando iniciativas sobre como remunerá-lo. Há, contudo, em alguns países iniciativas de políticas públicas visando reduzir desigualdades e violência contra as mulheres, sobretudo nos campos da assistência infantil, saúde e segurança, além de outras iniciativas visando maior empoderamento das mulheres e redução nas desigualdades salariais entre homens e mulheres.  

A semana passada, o professor André Roncaglia, em texto publicado pela Folha de São Paulo, mencionou o aniversário da Lei Maria da Penha e a importância desta lei no combate à violência. Tratou, ainda, do trabalho não remunerado na economia feminista, que “abre a caixa preta da sagrada família e desvela as raízes econômicas da violência doméstica no Brasil”.

As recentes políticas do mal e contra as mulheres no Congresso Nacional, incluindo o orçamento secreto, são demonstrações de que dificilmente se avançará numa política pública efetiva na economia de cuidados e do trabalho não remunerado. Precisamos de várias iniciativas ou leis, tipo Maria da Penha, para que possamos iniciar o combate à violência contra as mulheres, de forma mais efetiva.

Espera-se que neste ano eleitoral, em que as mulheres podem alcançar algum empoderamento, se conquiste algum espaço para se avançar em iniciativas no campo da economia feminista, até para se comemorar os 25 anos da Lei Maria da Penha.

Vale lembrar, também, que a história é rica em registros de mulheres brancas, donas de escravos, que foram cúmplices com o machismo hoje dominante. Eleição de mulheres defensoras do conservadorismo, presas às cumplicidades do passado, significa a manutenção do status quo e do machismo perverso. 

Precisamos eleger mulheres que sejam contra o machismo, violência e favoráveis à feminização da economia e igualdade de gênero.  Vamos votar refletindo sobre os 25 anos da Lei Maria da Penha e sobre a expansão de ações de combate à violência.   

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