Plásticos Invadem o Corpo Humano pelo Ar, Água e Alimentos
Nós, humanos, somos expostos aos pequenos fragmentos de plásticos ou microplásticos, com menos de cinco milímetros de diâmetro e aos produtos químicos utilizados na fabricação de plásticos. Enfim, vivemos num ambiente de poluição plástica generalizada no ar, água e até nos alimentos.
Já foi dito
que o plástico é barato de ser fabricado e surpreendentemente lucrativo, razão
pela qual está em todo lugar, tendo os cientistas, nos últimos anos, encontrado
quantidades significativas de microplásticos nas profundezas do oceano, na neve
e na chuva em locais aparentemente imaculados em todo o mundo.
Por conta
disto, todos nós estamos pagando o preço, considerando que os microplásticos
estão no ar que respiramos, com presença marcante no sangue humano, nas veias,
cólon, pulmões, leite materno, placentas e fetos. Por fim, os microplásticos
invadiram o corpo humano, do cérebro ao pênis e testículos.
Para se ter
uma ideia do volume de plásticos produzidos no mundo anualmente, basta ver os
números do Programa das Nações Unidas para o Meio
Ambiente (PNUMA). São 430 milhões de toneladas anualmente. Isto é maior do
que o peso de todos os seres humanos juntos. Com os plásticos descartáveis, se
intensifica a interação humana durante segundos ou minutos com estes produtos.
No momento
existem vários estudos propondo formas de reduzir a produção de plásticos no
mundo, mas a raiz fundamental do problema é o seguinte: o plástico é muito
barato e surpreendentemente lucrativo. Qualquer solução exigirá mudanças
comportamentais e de políticas públicas, que não venham afetar a economia tão
drasticamente.
Muitos se
lembram dos botijões de vidro sendo substituídos pelos botijões de plásticos da
água que bebemos ou os filtros de barros sendo substituídos por bebedouros de
plásticos. Tudo isto em nome da ganância, porém causando sérios danos a nossa
saúde.
São
assombrosas as pesquisas recentes sobre a invasão dos microplásticos e danos à
saúde humana, inclusive no Brasil. Pesquisadores das Universidades de São Paulo
(USP), Campinas e de Berlim (Alemanha) publicaram trabalho recentemente no
Journal of the American Medical Association (JAMA), mostrando, pela primeira
vez no Brasil, microplásticos no cérebro humano.
O estudo
analisou o cérebro de 15 pessoas falecidas, que residiam em São Paulo, mostrando
que em oito delas foram encontrados resíduos de microplásticos. O cérebro é uma
das partes do corpo humanos mais difícil de ser invadida, inclusive por
medicamentos, mas os microplásticos estão facilmente chegando lá.
O tipo de
plástico mais comum encontrado na pesquisa brasileira foi o polipropileno,
usado em roupas, embalagens de alimentos e garrafas. Muitos usam roupas de
poliéster, mas não sabem que se trata de um dos produtos que mais derrama
microplásticos, quando usado e lavado. As microfibras do poliéster lançadas no
ar causam níveis preocupantes de poluição no ar, afetando o pulmão.
A explosão
de pesquisas sobre os microplásticos é grande, sobretudo por não se conhecer as
consequências, de longo prazo, dos microplásticos acumulados nos tecidos
humanos mais sensíveis, a exemplo dos órgãos reprodutivos, segundo Ranjith
Ramasamy, urologista da Universidade de Miami, nos Estados Unidos.
Em pesquisa
realizada em maio passado e publicada no Jornal científico, Toxicological
Sciences, foi encontrado microplástico nos testículos de 23 seres humanos e em
47 cachorros. O estudo mostrou que a concentração de microplásticos nos
testículos humanos e três vezes maior do que nos testículos de cachorros.
A elevada
quantidade de partículas componentes de plástico de garrafas d’água está
correlacionada com o baixo acúmulo nos testículos de cachorros, ou seja, os
cachorros não usam tantas garrafinhas de plásticos como nós humanos estamos
usando.
A questão é
tão séria que a própria Assembleia das Nações Unidas para o Meio Ambiente
concordou, há dois anos, começar trabalhando para alcançar um acordo global visando
por um fim à poluição de plásticos, um processo que está em andamento.
Relatos
recentes sugerem que a Administração de Biden, nos Estados Unidos, deu sinais
de que a delegação americana envolvida nestas discussões apoia medidas para
reduzir a produção global de plásticos, num momento em que os pesquisadores
estão dizendo que temos de enfrentar este problema tão crítico.
Não existe
nenhum lugar que não esteja sendo afetado, desde as profundezas do mar até a
atmosfera e o cérebro humano, disse Bethanie Carney Almroth, um eco
toxicologista da Universidade de Gothenburg, na Suécia. Para ele, estamos
diante de algo que nos faz medo.
Infelizmente
no Brasil, as pesquisas eleitorais estão mostrando a inclinação da sociedade
para a extrema direita e negacionismo da ciência e das mudanças climáticas.
Além disto, as florestas que protegem a atmosfera, estão em chamas tão perigosas
quanto os microplásticos. Ações criminosas já são identificadas para se
continuar as políticas do mal.
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