Desastre de Porto Alegre Retrata Estruturas Políticas Danosas
Fonte: Agencia Brasil - EBC
O desastre de Porto Alegre e várias outras
cidades do Rio Grande do Sul retrata as estruturas políticas danosas e egoístas
existentes, fortalecidas pelo negacionismo às mudanças climáticas, com evidências
claras no Brasil nos últimos anos.
Já é reconhecido que as estruturas de poder no
Brasil e no mundo, que constituem o projeto contemporâneo de globalização, não
respondem às complexidades da crise climática, dificultando a construção de um
mundo sustentável.
Embora a política seja considerada como a forma
de se organizar o mundo de forma responsável, a crise climática está levando
vários pesquisadores a questionarem a política e o comportamento da classe
política, diante de tanto negacionismo e ações contrárias às práticas de sustentabilidade.
Assim sendo, a política moderna tem como base o
negacionismo, que fortalece a separação ideológica entre as nações e a
natureza, embora a mudança climática revele a falha deste pensamento e se
apresenta como um desafio político. Portanto, as falhas em agir sobre as mudanças
climáticas são falhas políticas. Enfim, a mudança climática é um problema
político, que exige uma ampla participação da sociedade.
Enquanto nos Estados Unidos o que se viu foi
Trump tirar o país do Acordo de Paris, no Brasil Bolsonaro e seus seguidores
tocaram fogo na Amazonia. Assim sendo, as realidades de degradação ecológica
massiva e as disparidades econômicas exigem de todos nós interrogar as
estruturas políticas e crenças e os caminhos que estas estruturas e crenças estão
se formando no Brasil e no mundo.
No Brasil, estamos vendo o Congresso Nacional
boicotando iniciativas sustentáveis, enquanto outros grupos políticos tentam
construir um nacionalismo cristão, que pode acarretar o maior risco à
democracia brasileira, já frágil como está.
Com o desastre do Rio Grande do Sul, as
notícias foram claras em mostrar a falta de preocupação de nossa classe
política com práticas de enfrentamento da crise climática. Segundo a imprensa,
dos 513 parlamentares apenas a deputada federal Célia Xabriabá (PSOL-MG)
demonstrou preocupações com a crise ecológica, destinando recursos para ações
climáticas no Ministério do Meio Ambiente e Mudança climática, desde o início
de 2023.
Para a imprensa, “dos 513 parlamentares eleitos
em 2022 nenhum destinou verbas ao Ministério da Integração para recuperação das
cidades”. É possível que muitos deles devam ter visto a iniciativa da deputada,
acima citada, como uma prática comunista.
É lamentável, ainda, saber que “Porto Alegre
não investiu um centavo em prevenção contra enchentes em 2023”. Por mais que se
diga que houve investimentos em outras áreas correlacionadas, a verdade é que o
item orçamentário denominado de “Melhoria no sistema contra cheias” chegou a
zerar, depois de quedas consecutivas.
Depois de uma destruição devastadora do planeta
Terra nos últimos 50 anos, não sabemos se ainda é possível fazer alguma coisa
para reduzir o sofrimento da humanidade, incluindo o povo do Rio Grande do Sul,
severamente castigado nos últimos meses.
Esperamos que a solidariedade do povo
brasileiro com o povo gaúcho não se limite apenas a doações, mas lutar por
mudanças nas estruturas políticas dominadas por um negacionismo perverso. Neste
momento de muita dor e muito sofrimento, espera-se que ninguém tire proveito e
parem com o negacionismo climático, assim como aconteceu com o negacionismo anti-vacinação e a avalanche de fake news.
Já estamos sentido temperaturas elevadas, que
podem aumentar mais ainda, enchentes assombrosas pelo mundo afora e os efeitos
de guerras. Além disto, por conta das mudanças climáticas, epidemias terríveis,
a exemplo da dengue, zika e chinkungunya, matando muitos na face da terra, já são
pesadelos entre nós.
Porém, as estruturas políticas existentes no
Brasil e no mundo estão fortalecendo as mudanças climáticas. Precisamos mudar
estas estruturas predatórias e arcaicas e não o clima, sendo fundamental o
debate político.
Infelizmente temos um agravante muito forte na
cultura Ocidental que vem dificultando tudo isto e diz respeito a divisão
natureza-cultura, onde a noção de Natureza tornou-se uma propriedade privada. Deus
deixou a Natureza para todos e não como propriedade privada. Neste caso, o
homem quebrou a relação existente entre o amor de Deus, ao próximo e à Terra.
Pesquisas realizadas nos Estados Unidos mostram
o quanto esta relação Natureza-cultura é importante, sobretudo para se conhecer
o comportamento e crenças dos negacionistas climáticos. Sem o empenho de todos,
dificilmente sobreviveremos num mundo em chamas, enchentes e epidemias.
Brasileiros, acordem! Nossa casa está em chamas ou inundada.
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