Sustentabilidade Social Ouvindo o Grito da Terra e dos Pobres

 

Fonte: Science News                                                                                                                                     

A sustentabilidade social faz parte do tripé do conceito de sustentabilidade e pode ser direcionada para ouvir o grito da Terra e dos pobres, na forma definida pela Laudato Si do Papa Francisco, visando não só a salvação do planeta como a nossa própria, num mundo em chamas.  

O tema é negligenciado no debate acadêmico por enfatizar o eco-social e desafiar a crise político-ecológica do paradigma tecnológico e da globalização, responsáveis pela destruição da Terra e o gemido do sofrimento humano, principalmente dos pobres, diante da ganância e falta de solidariedade humana.

Temos que rever a história para coletar informações sobre a sustentabilidade social, a exemplo do que já aconteceu nos países escandinavos e na velha Inglaterra, de ideologia de esquerda quando alcançaram elevados níveis de bem-estar social. 

Ideologia de esquerda em países autoritários é o que existe de pior na história da humanidade, a exemplo de Cuba e Rússia. O mesmo se dá com ideologia de direita e extrema direita, em países autoritários.

A velha Inglaterra, hoje governado pela direita e extrema direita, esta semana deu um exemplo do que foi a sustentabilidade social no passado. Estamos falando de um país que já teve o melhor sistema de saúde do mundo, conhecido como NHS (National Health System), criado na época de um governo socialista.

Esta semana um membro do Partido Conservador mudou para o Partido dos Trabalhadores da Inglaterra, mostrando a desilusão dele e de seus eleitores com as políticas públicas dos conservadores de direita, que destruíram o NHS.

Assim sendo, o Dr. Dan Poulter, médico e ex-ministro da saúde, deixou o Partido Conservador, alegando que só o Partido dos Trabalhadores deseja restaurar o NHS. Para ele, o Partido Conservador tornou-se um “um partido nacionalista de direita”, que não priorizou ou teve um olhar de compaixão em muitas questões. Sua desilusão na política foi tamanha, que não busca mais ser reeleito.

No caso do Brasil, a direita democrática sempre participou das gestões governamentais e, numa democracia, direita, esquerda e centro são bem-vindas na política partidária. Infelizmente, no último governo, a direita brasileira se alinhou com a extrema direita, levando a sociedade brasileira ao maior sofrimento da história, no auge da Pandemia.   

Hoje, o país é governado pela direita, mesmo tendo um Presidente de centro-esquerda, que consegui um grande feito em reduzir a fome no país. Infelizmente, não consegue avançar em projetos de desenvolvimento sustentável, muito menos em sustentabilidade social.

O governo conseguiu aprovar uma reforma tributária. Infelizmente, os sinais são de que dificilmente alcançará os menos favorecidos, diante das investidas da direita e extrema direita, em proteger as elites improdutivas do país e supersalários de juízes.

No momento, o Senado Federal se rebela contra o governo por ter recorrido ao Supremo de uma excrescência inconstitucional, de não apoiar a lei que prorrogou a desoneração da folha de pagamento de empresas e prefeituras até 2027. São 150 bilhões de reais destinados a alguns setores destrutivos e insustentáveis, a exemplo da agricultura e agronegócios.

Recentemente, o Congresso Nacional deu o golpe do Marco Temporal, através da Lei do Genocídio, já definido como inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Por fim, enquanto o governo avança em projetos sustentáveis, o Congresso Nacional anula tudo.

Se é difícil se pensar em projetos sustentáveis no Brasil, mais difícil ainda é identificar iniciativas de sustentabilidade social, uma vez que a direita e extrema direita estão engajadas no projeto de globalização, voltado para a destruição da Terra e exploração humana.

Além disto, o nacionalismo cristão que se propaga nos Estados Unidos e Brasil é muito preocupante e o maior risco  à democracia dos dois países. Mistura-se a política com religião e candidatos são apresentados como sendo os enviados por Deus, embora sejam símbolos do autoritarismo e hegemonia.

É lamentável que uma boa parte de eleitores no Brasil e no mundo estejam fascinados com a extrema direita, muitos já cooptados como acontece também  nos Estados Unidos.

Neste caso, as preocupações com os gritos da terra e dos pobres não parecem ser entendidas como sendo centrais na reflexão e ação cristã da classe política, mesmo que a relação entre estas preocupações e o mistério da salvação sejam tão evidentes na Bíblia Sagrada.

Ao se negar ouvir os gritos da terra e dos pobres, estamos rejeitando os ensinamentos bíblicos, tanto no Velho Testamento (quando Deus salvou o seu povo) como no Novo (Crucificação de Cristo), com sinais claros de que, como já foi dito, não há salvação sem os pobres. Deus salvou os pobres e Cristo viveu ao lado deles e não dos poderosos.

Comentários