Sustentabilidade Acrítica Sem Sentido Promove o Status Quo

 

Source: Friends of Earth Europe                                                                                                                   

A fraca sustentabilidade acrítica e sem sentido é abundante na literatura apenas para promover o status quo, quando precisamos de um discurso de sustentabilidade forte e crítico para desafiar o projeto de 500 anos de globalização, marcado por uma crise político-ecológica.

Segundo a literatura, muitas corporações nos últimos anos vêm dando demonstração de terem alcançado a sustentabilidade, mas não mencionam que estão tratando de uma sustentabilidade fraca, limitada aos aspectos econômicos e destinada a manter o projeto de globalização e de destruição da natureza.

O grande problema com a sustentabilidade corporativa é o seu enfoque estreito e simplista, formulado em torno de uma sustentabilidade fraca e a continuação de se ganhar dinheiro mantendo os negócios como sempre. Neste sentido, tenta-se reforçar uma poderosa metáfora de sustentabilidade, na suposição de que estas corporações estão agindo dentro dos princípios de sustentabilidade.

Não é verdade, mas a metáfora é usada rotineiramente, embora alguns estudos em grandes corporações evidenciam que elas não usam a sustentabilidade e nem estão interessadas em usá-la, mas enganosamente usam a metáfora de sustentabilidade fraca.

Por outro lado, a sustentabilidade forte tenta conectar os três pilares de desenvolvimento sustentável – econômico, social e ambiental, sendo esta integração inexistente na sustentabilidade e governança corporativa, cujo objetivo é manter os negócios como sempre ou ‘business as usual’.

Diante do projeto destrutivo de globalização e práticas predadoras das corporações, precisamos avançar nas práticas de sustentabilidade, de forma mais crítica, enfatizando o eco-social e os gemidos da terra e dos pobres, como enfatizado pelos teólogos, a exemplo da Laudato Si do Papa Francisco, ao afirmar que Deus cria o ser humano para viver em comunhão com Ele, com o próximo e com a terra. O amor de Deus existe para estas realidades distintas, mas interrelacionadas.

Como fez o Papa Francisco, não precisamos avançar numa Teologia de Libertação, que adota o modelo marxista de análise da realidade, mostrando  um mundo organizado pela dinâmica das estruturas do pecado, ao ver a crucificação dos pobres não apenas em termos do não atendimento de suas necessidades básicas, mas também de ignorância e indignidade a que são condenados, numa aberrante pobreza, quando comparado com os mais privilegiados.

No que diz respeito à terra, é vergonhosa e desumana a atuação do Senado brasileiro ao promover a violação dos direitos indígenas e aprovar o chamado 'Projeto de Lei do Genocídio' que reformula a tradicionalidade da ocupação da terra, dos direitos originários e do uso dos territórios pelos Povos Indígenas .

Apesar do histórico de apropriação de terras no Brasil e da votação final do Supremo Tribunal Federal sobre a inconstitucionalidade do “Projeto de Lei do Genocídio”, o Congresso Nacional Brasileiro, de direita, foi contra a população e os povos indígenas, mas em defesa dos interesses das grandes corporações.

Não só no Brasil, mas em muitas partes do mundo precisamos de acadêmicos mais ativos, engajados em projetos de sustentabilidade e não isolados em suas 'Torres de Marfim' contemplando a exploração político-ecológica ao longo dos últimos cinco séculos, “enquanto a terra e os pobres são explorados de forma profundamente interligados”.


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