Das Criptomoedas ao Escândalo da Cripto-Fraude na Argentina

 

Fonte: You Tube                                                                                                                                             

As informações do final de semana que passou são de que o presidente de extrema direita, Javier Milei, da Argentina, participou de uma associação, que organizou um golpe com a criptomoeda $LIBRA, logo denominado de escândalo da Cripto-Fraude ou Cripto-Trapaças, que afetou simultaneamente mais de 40 mil pessoas com um prejuízo de mais de 4 bilhões de dólares.

Este escândalo de Cripto-Fraude, logo nesta segunda-feira, resultou no colapso de ações no mercado argentino e numa crise política, com ações caindo mais de 5%.  Além disto, a oposição peronista disse que poderia pressionar pelo impeachment de Milei por conta do incidente.

A ONG Observatório de Direito à Cidade denunciou Milei e outros dirigentes por associação ilícita, fraude e descumprimento de funções de funcionário público, conforme ação publicada no site da entidade.

Aliás, a palavra estafa em espanhol (golpe ou fraude, em português) passou a ser a principal palavra-chave associada ao presidente. Em apenas 48 horas, 60% das conversas digitais sobre Milei giraram em torno do escândalo. Na mídia, 65% das publicações mencionaram Cryptogate, levando a imagem de Milei à categoria “terrível”.

O presidente Milei parece desconhecer que um projeto de moedas digitais ou criptomoedas deve considerar todos os níveis de um ecossistema num domínio onde as inovações tecnológicas se entrelaçam com os mercados financeiros globais. Neste caso, antes de promover e reforçar um projeto de criptomoedas, é preciso promover e reforçar a transparência, o que parece não ter acontecido com o projeto $LIBRA.

Já se sabe que investir em criptomoedas é um grande risco, razão pela qual as instituições da área, depois de vários escândalos, priorizam o requisito de transparência em suas atividades, além de várias outras regulações que devem ser adotadas neste campo de investimento.

Já tratamos dos riscos das moedas digitais, como o caminho do inferno. Assim sendo, para atenuar os riscos de investimento em moedas digitais é preciso intensificar os requisitos não só de transparência, mas de confiança, segurança e privacidade, já consideradas por algumas instituições das bitcoins.

Instituições do governo americano levaram anos para compreender e convencer os políticos tanto do Partido Conservador como do Partido Democrático sobre a necessidade de considerar o entrelaçamento das inovações tecnológicas com os mercados financeiros, impondo controles e até sansões aos países que não agem com boas práticas.

Ao que parece o presidente Trump reconheceu que o dólar não deveria ser uma moeda digital, temendo possivelmente não atender aos requisitos de uma moeda digital confiável, sobretudo em termos de transparência e privacidade. Para manter o dólar enquanto moeda internacional é preciso atender muitos requisitos ainda desconhecidos, sobretudo no campo das inovações tecnológicas.

Por outro lado, numa contradição, o presidente Trump, até antes de sua posse, já demonstrou otimismo pelas criptomoedas, tendo logo após sua posse ter criado a sua memecoin. Mesmo se tratando de uma atividade descentralizada, sem intervenção governamental, o mercado de criptomoedas requer uma regulamentação severa para evitar que ladrões e vigaristas tomem conta deste mercado.

O que se observa agora na Argentina é uma história de ganância, estupidez e falha de caráter tornada possível pela falta proposital de transparência e regulamentação da $LIBRA. A natureza descentralizada significa que é difícil ou as vezes impossível recuperar dinheiro de uma fraude.

Contudo, existem muitos mercados de criptomoedas legítimos, que podem ser utilizados para garantir a segurança de seus acervos, mas isto não dispensa um esforço de cuidado do investidor.

Há poucos dias, o governo brasileiro passou por um grande vexame por conta da falta de transparência do sistema de pagamentos digital, denominado de PIX. Não foi desencadeada uma crise maior porque durante a implementação do sistema, no governo anterior, nada foi regulamentado sobre o uso do sistema para alcançar sonegadores de impostos.

No momento as notícias são de que o governo brasileiro quer introduzir no país sua moeda digital, mas sem a criação de um ambiente estável e seguro para a população, que só acontecerá com a promoção e reforço em todos os níveis do sistema, sobretudo em termos de transparência e confiança.

À medida que o mercado das criptomoedas continua a evoluir, precisa-se também construir um ambiente estável e seguro, enfatizando os fatores acima citados e considerar o exemplo não só da Argentina, mas de várias partes do mundo, onde investidores perderam tudo. 


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