PIX, Fake News e Sonegação na Rodovia Monetária do Inferno
Fonte: You Tube
PIX, Fake
News e Sonegação estão distantes de um espaço ético e neutro, sendo o PIX um
sistema de pagamento que, como outros tipos de moedas digitais dos Bancos
Centrais, podem representar o fim da democracia, sendo na linguagem de alguns pesquisadores a construção de uma
rodovia monetária para o inferno.
Mesmo num
país de desigualdades gritantes e sonegações, jamais o PIX teria sido aprovado
pelo Congresso Nacional com o propósito de combater a sonegação. Portanto,
aprovaram a tecnologia do PIX, como instrumento de pagamento, mas não aprovaram
um arcabouço legal relacionado com questões sociais, ambientais, éticas,
privacidade e transparência.
Já existem
sistemas de pagamento, a exemplo do PIX, pelo mundo, embora não se saiba nada
ainda sobre a efetividade deles. Será que o Congresso Nacional teria aprovado o
PIX para beneficiar a população mais pobre?
Com certeza, não, por se tratar de um sistema de elevado custo.
Democracias
mais avançadas como Estados Unidos e Canadá, por exemplo, não introduziram seus
sistemas de pagamento instantâneo, insistindo na busca de oferecer um arcabouço
legal destinado a dar garantias de segurança da tecnologia.
O Brasil
não tem encarado a relação de uso de Tecnologias de informação e Comunicação
(TICs) e democracia com a devida atenção e vem sendo escolhido por corporações
internacionais para experimentar bugigangas tecnológicas. Foi assim com o Voto
Eletrônico e agora com o PIX.
Portanto, já
tivemos o exemplo de enfatizar o uso da tecnologia, desprezando questões
relacionadas com a segurança e confiabilidade. Vimos nossa democracia sendo
ameaçada com o voto eletrônico. Não fosse a criação de uma Comissão de
Transparência na Justiça Eleitoral, demonstrando iniciativas de controle social do ato de votar, as práticas golpistas de Bolsonaro teriam nos levados a sérios
problemas com a segurança do voto eletrônico.
O PIX pode
ser um instrumento eficiente para o combate da sonegação no país, mas na sua
criação não foi debatido a responsabilidade social do Banco Central numa
democracia. Vale lembrar que a independência do Banco Central e a criação do
PIX aconteceram num governo de extrema direita no país.
Assim
sendo, muitos dos que foram favoráveis à criação do PIX agora são contra,
justamente por serem contra a responsabilidade social do sistema e o atual
governo parece desconhecer o que realmente está acontecendo. Diante das
notícias ou fake news sobre o PIX, a falta de uma regulamentação do sistema
parece evidente.
Precisamos
de um governo de centro-esquerda que traga o debate sobre a responsabilidade
social do PIX, antes de usá-lo como meio
de pagamentos ou fiscalização. Embora se diga que não é obrigatório o uso do
PIX por pessoas físicas, instituições governamentais estão forçando o seu uso
obrigatório. Isto é muito perigoso para o governo já que se observa que a ética do PIX é muito carente de uma ética de responsabilidade, o que pode desestabilizar
ainda mais o governo, se tentar usá-lo de forma silenciosa.
O próprio
Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda), colegiado
vinculado ao Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania, criticou o
ex-presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, que tratou do uso do PIX
num caso de trabalho infantil como sendo algo natural, dando margem a
muitas críticas pela imprensa.
Além disto,
a literatura vem mostrando claramente que tanto os sistemas de pagamento quanto
as moedas digitais são instrumentos de maximização de lucros no setor bancário
a curto prazo.
O resultado
disto sempre visa “privatizar lucros e socializar custos” no momento de resgate
de um banco pelo governo e a história é rica destes exemplos. O tempo vai nos
dizer se estes instrumentos representam um progresso para o bem comum ou se são
apenas uma inovação financeira que satisfaz alguns interesses privados bem
consolidados na “indústria financeira” contra o bem comum.
Bancos
Centrais são instituições de Poder, cujos membros não são eleitos pelo povo,
razão pela qual o momento é apropriado para se repensar e entender suas funções
e as ferramentas tecnológicas usadas por eles em busca de mais poder, criando
desafios para a análise científica de suas políticas monetárias.
Na verdade, é mais do que demasiado, deixar apenas nas
mãos das autoridades monetárias a economia dos bancos centrais, de seus
sistemas de pagamento e moedas digitais, de modo que se
possa evitar a construção da rodovia monetária para o inferno.
Como já foi dito, é tempo de refletir sobre uma
democratização dos Bancos Centrais para que se tornem uma atividade do povo,
pelo povo e para o povo, evitando a série de conflitos de interesses que afetam
negativamente o bem comum. A melhoria da responsabilidade social deles deve ser
consistente com o espírito de um sistema democrático.
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