COP30, Políticas do Mal e Eleitores Levando o País ao Caos

Fonte: Revista Oeste                                                                                                                                    

A COP30 dificilmente vai barrar as políticas do mal na área ambiental no Brasil e em muitos outros países, como está acontecendo. Contudo, a COP30 pode exercer um trabalho de conscientização da sociedade e, principalmente de eleitores, que tem levado a sociedade brasileira, ao longo de anos, ao caos.

Através da escolha de uma classe política de baixa qualidade, o Congresso Nacional aprovou há poucos dias a chamada lei  da devastação, com sinais claros de que o país deve ser destruído. As inciativas governamentais de incentivar a produção desastrosa de carnes no país, com financiamento de recursos públicos, tem como objetivo principal incentivar a ganância corporativa, em detrimento de objetivos nutricionais da população.

A realização da COP30 em Belém, onde menos de 3% da população tem saneamento básico, mostra claramente como viver no caos. Com mais de 90% da população sem atendimento de suas necessidades básicas (saneamento básico), Belém é uma dentre várias outras capitais do país.

Pelo que é divulgado, são várias as críticas às autoridades políticas do Estado do Pará e de Belém, durante as obras de embelezamento da cidade para a realização da COP30. Obras de saneamento privilegiaram áreas ricas da cidade, de tal forma que os esgotos destas áreas foram drenados para áreas sem saneamento.

Para a professora e líder comunitária, Inês Medeiros,  foi “isso que sobrou para nós nessa COP30: querem que a gente fique com o cocô dos ricos”. Especialistas locais não parecem discordar do senso popular, a exemplo do professor Pamplona Ponte, da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UFPA.

Para ele, “os maiores projetos da COP30 são reformas de canais degradados pela falta de manutenção que beneficiam muito mais áreas que já contam com infraestrutura”. Vale lembrar ainda que Belém está entre as piores cidades do país em coleta e tratamento de esgoto.

Mas onde estavam os governantes do Pará e seus eleitores durante dezenas de anos, que não percebiam o caos em que estavam vivendo? Foi preciso esperar pela realização da COP30 para pensarem em fazer algo? Mas este problema não se restringe apenas ao Pará e a cumplicidade entre políticos e eleitores é um grande problema no país.

Como é possível pensar em governar com uma maioria da população vivenciando o caos, em condições degradantes de pobreza. miséria, sofrimento e desprezo?  Este é um problema em governos de esquerda e direita no Brasil e no mundo. Com razão, este modelo de desenvolvimento é insustentável e não interessa mais a ninguém, devendo os eleitores buscarem um novo modelo de governar.

Infelizmente o mundo está numa encruzilhada entre duas forças dominantes, que precisam ser desmanteladas. Uma é a do populismo regressivo, autoritário e tirânico, cuja experiencia recente no Brasil foi trágica com o bolsonarismo. Estamos percebendo, também, o que está acontecendo nos Estados Unidos. Infelizmente esta perversidade está se alastrando pelo mundo afora.

A outra força é a da ganância corporativa, que se alastrou pelos países chamados de democráticos. Infelizmente o Brasil parece ser o modelo mais perverso no mundo da  ganância corporativa e faz parte dos governos de esquerda e direita. As chamadas frentes amplas de governar, da esquerda no Brasil, envolvendo várias forças políticas é justamente para alcançar este objetivo.

A cumplicidade dos eleitores deve ser com o fortalecimento da democracia, desmantelando as grandes corporações e repelindo as forças políticas do atraso. É preciso, também, acabar com as apostas do mercado e tirar o dinheiro da política.

O Professor Robert Reich, ex-secretário do trabalho nos Estados Unidos e professor emérito de políticas públicas na Universidade de California, propôs um modelo de um futuro melhor depois de Trump, ou seja, um modelo que fortalece a democracia, beneficiando todos os americanos e não apenas a minoria privilegiada.

Assim sendo, o professor Reich considera inevitável uma revolução populista, ou seja, um populismo ante status quo  ou populismo progressista, que implica substituir o populismo regressivo de Trump – cruel, intolerante e tirânico – por um populismo progressista ousado que fortaleça a democracia e compartilhe a riqueza.

Este modelo pode perfeitamente ser aplicado no Brasil para eliminar a ganância corporativa, exigindo que as grandes corporações compartilhem seus lucros com os trabalhadores comuns, fortalecendo os sindicatos e aumentando os impostos sobre os super-ricos para financiar uma renda básica universal, saúde para todos, licença maternidade remunerada e educação.

Recente pesquisa realizada no Brasil nos traz muitas esperanças, as quais devem ser transformadas em ações por todos nós. A maioria enfatizou que não quer nem Lula nem Bolsonaro como presidente. Isto é uma boa orientação aos eleitores, que devem enfatizar que o Congresso que aí está é campeão em políticas do mal, que nos levam ao caos.




 

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