Sustentabilidade, Covid-19 e Geração Z – Desafios Profundos
Jogou-se nas costas da Geração Z,
aqueles nascidos entre 1996 e 2011, um fardo muito pesado, principalmente no
Brasil, onde se vivencia uma das experiencias políticas mais danosas do
planeta. O nosso futuro pode depender muito da influência tanto da geração dos
millenials (aqueles nascidos entre 1981 e 1996) e da geração Z, esta última
severamente afetada pelo Covid-19. Não há dúvidas de que estas duas gerações querem
alavancar a sustentabilidade no mundo.
O conceito de sustentabilidade,
surgido no final dos anos de 1980, é definido como aquele que atenda às
necessidades das gerações presentes sem comprometer a capacidade das gerações
futuras de suprirem suas necessidades. Tocando fogo na Amazonia os Millenials e
Geração Z vão alcançar sustentabilidade? Óbvio, que não. Com o sistema de uma
agricultura intensiva e um modelo de agronegócios destruindo a natureza e
buscando acumular riquezas nas mãos de poucos, vamos alcançar sustentabilidade?
Também não. As gerações mais novas estão querendo estilos de vida mais
sustentáveis e tem demonstrado mais preocupações ambientais do que as gerações
mais velhas. Estão querendo eliminar a pobreza, assegurar acesso à água potável
e condições sanitárias para todos.
Nos dias de hoje observa-se que a Geração
Z está se tornando cada vez mais defensora ambiental do que as gerações
anteriores. Há pouco tempo foi observado a mudança de protestos sobre o clima
com fortes imagens de jovens ativistas como Greta Thunberg encarando líderes
políticos. De acordo com pesquisas recentes, a Geração Z nos Estados Unidos
está mais preocupada com as mudanças climáticas e a poluição ambiental do que
os Millenials e gerações anteriores. Em resumo, a Geração Z e Millenials estão
acompanhando as instituições que estão traindo seus valores. No Brasil, diante
do comportamento das empresas, grandes corporações, boa parte da classe
política e a destruição da natureza, este acompanhamento deve ser feito mais do
que nunca. As ações políticas até agora
e o comportamento das grandes corporações no Brasil e no mundo sobre
sustentabilidade são desanimadoras.
Infelizmente a Covid-19 levou a Geração
Z a sofrer duras quedas e ferimentos psicológicos e socioeconômicos em quase
todo o mundo, com consequências para a sociedade como um todo, num momento em
que se começa a tirar as conclusões como as elites políticas trataram da
Pandemia, levando a Geração Z a um presente sombrio e um futuro incerto. Os
adolescentes e jovens adultos, conforme recente pesquisa feita na Europa,
expressaram uma profunda ansiedade sobre o futuro deles, acusando os governos
de falhar com eles durante o período de um ano e meio, numa pandemia que desestabilizou
o bem-estar mental deles, a educação e perspectivas de trabalho. A pesquisa
mostrou ainda que 64% dos jovens Europeus estão em risco de depressão, sendo
este percentual de 15% antes da crise da Covid-19. As mulheres jovens de 18 a
24 anos registraram os níveis mais baixos de bem-estar mental. Eles sabem que
vão pagar mais impostos, carregar débitos pessoais e enfrentar mais incertezas
do que qualquer geração desde a segunda guerra mundial.
Diante de profunda frustação, o que
chegou para a Geração Z foi uma crítica do capitalismo, onde os mais velhos
suportaram os riscos da saúde fisicamente, asfixiados até a própria morte, e os
mais jovens estão suportando os riscos da saúde mental. A raiva e desespero são
evidentes e a conclusão que alguns estão chegando é que a sociedade é dirigida
pelos velhos e para os velhos. Além de
se ter de lidar com emergências climáticas imprevisíveis no futuro, a certeza
que se tem é que esta geração não pode influenciar o presente político,
dominado pelos mais velhos, que não irão enfrentar as consequências, mas votaram
e toleraram o que está sendo praticado pelas grandes corporações no mundo. No
caso do Brasil a situação é pior. Além de terem colocado a vida em espera, o
medo do desemprego, o descontentamento e o risco do
colapso de confiança são assustadores entre os mais jovens, que podem ser usados
por forças políticas que tem um interesse em fragilizar a fé deles na democracia. Isto está sendo feito de forma oportunista e perversa através de
mentiras e fake news nas mídias sociais.
Todas as gerações sofreram e ainda
estão sofrendo nesta Pandemia, mas os governos não deveriam ter feito o que
fizeram com a Geração Z. Para o professor de saúde pública, Klaus Hurrelmann,
da Escola Hertie, em Berlin, esquecer os jovens na pandemia foi um grande erro,
com consequências na década pós-pandêmica. Isto vai ferir todos e passa a
seguinte mensagem para os jovens: Vocês não são prioridade, primeiro temos que
cuidar das pessoas mais velhas. Para ele, os governos devem oferecer
universidades livres de anuidades para os jovens e dar o sinal claro de que
eles são capazes de entrar na sociedade e começarem a vida. Para Hurrelmann,
este desprezo pelo mais jovens na sociedade pode fortalecer uma nova
solidariedade na Geração Z e a pandemia criou uma unidade entre eles.
A Geração Z usa muito da reflexão e
entendem da teoria de catástrofe. Eles sabem como o poder centralizado funciona
efetivamente e como rapidamente a injustiça pode ser dispensada. Sabem ainda do
vazio das exigências de se legitimar um governo que não é capaz de organizar
uma campanha de vacinação. Já foi dito que se eles descobrirem um novo projeto
coletivo, as dúvidas serão se as mudanças serão graduais e as ambições
pequenas.
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