Democracia, Mercado e Corporações – Do Google à Imprensa Burguesa

 

Fonte:YouTube.com

Já foi dito que o declínio da democracia é uma ameaça mortal à saúde do capitalismo, pondo em risco o sistema econômico, razão pela qual o estado de direito e a democracia são cruciais para o mercado de capitais, fortalecendo a sociedade civil e produzindo taxas de crescimento e um melhor bem-estar social.

Por outro lado, ameaças à democracia são ameaças ao setor privado, razão pela qual as corporações, empresários e investidores não podem se comportar como se comportaram durante os quatro anos do governo Bolsonaro, contemplando o negacionismo, o acúmulo de riquezas e empobrecimento crescente da sociedade brasileira e assistindo a emergência de ameaças a nossa frágil democracia.

Portanto, o que se observou neste período foi um declínio da democracia, que no momento corre sérios riscos. Diante do enfrentamento de uma Pandemia terrível e a perda injustificada de quase 700 mil compatriotas, do empobrecimento da sociedade e a conivência das elites financeiras e políticas do país com estes acontecimentos terríveis, precisamos buscar uma luz junto ao setor privado para determinar passos que devem ser seguidos como parte de suas responsabilidades diante das ameaças à democracia e aos mercados no Brasil.

Uma das características do declínio da democracia tem se evidenciado através das tentativas de enfraquecimento do poder judiciário, que no atual governo vem sofrendo uma série de ameaças, incluindo Ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Vale lembrar que foi graças a Suprema Corte que as restrições durante a Pandemia foram mantidas. Não fossem também os governadores, a mortalidade teria alcançado taxas assombrosas.

Uma imprensa livre e a liberdade de expressão são também de fundamental importância numa democracia. A imprensa burguesa no Brasil sempre foi criticada e é responsável pelo desenvolvimento insustentável do país. Enfim, uma imprensa livre é o elemento chave de uma democracia e do desenvolvimento sustentável, desde que seja transparente e responsável. Uma imprensa burguesa atrelada ao poder e Fake News nem são democráticas nem serve a causa de assegurar um desenvolvimento sustentável.

Durante o atual governo alguns segmentos da imprensa foram severamente atacados. A Rede Globo, por exemplo, desempenhou um papel fundamental em defesa da democracia brasileira no atual governo, mas sofreu todo tipo de ataques, sendo camada até de ‘Globo Lixo’. É preciso reconhecer o papel dos Grupos Globo e Folha de São Paulo na luta em defesa da democracia durante este governo.

Infelizmente, ao contrário das democracias tradicionais, as Forças Armadas no Brasil não parecem ser favoráveis e ser controladas pelo poder civil. Nossa história tem registros de insurgências antidemocráticas. Recentemente, o general Mark Milley, nos Estados Unidos, deu um exemplo na gestão do Presidente Donald Trump do quanto os oficiais americanos são defensores da Constituição e da obediência ao poder civil. Ao trazer mais de seis mil militares para compor seu governo, Bolsonaro não demonstrou estar qualificando seu governo, mas ameaçando a democracia brasileira. 

Até recentemente, a democracia nunca foi um foco de campanha corporativa na esfera pública. Contudo, a tentativa de golpe de Trump de não aceitar os resultados das eleições em 2020, nos Estados Unidos, levou algumas corporações a entraram na briga. Em outubro de 2020, um grupo chave de líderes de empresários, liderado pelo Business Roundtable, Associaçao Nacional de Manufatureiros e a Câmara de Comercio, emitiram uma nota defendendo a integridade do processo eleitoral. Por sua vez, inúmeras companhias pararam com as doações a políticos de visões antidemocráticas.

O papel do setor privado não parou por aí. Para barrar as legislações propostas pelo governo Trump, destinadas a dificultar o ato de votar em vários estados americanos, centenas de corporações e altos executivos, incluindo Amazon, BlackRock, Google e Warren Buffett emitiram uma nota se opondo a qualquer legislação discriminatória, que viesse dificultar as pessoas votarem. A corporação American Express foi mais além afirmando que é de responsabilidade das empresas gritarem sobre algo fundamental como o direito de votar, exibindo mais para proteger a democracia.

Espera-se que os exemplos acima sejam avaliados pela elite financeira e empresarial do Brasil que deu as costas à população, juntando-se a uma boa parte da elite política, pensando só em acumulação de riquezas neste governo, incluindo o orçamento secreto. Embora tarde, ainda é tempo de entrarem na briga de defenderem nossa democracia e a cidadania aos cacos. Já se tem o registro de algumas corporações nesta luta no campo da imprensa, a exemplo do Google e Grupo Globo.  

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