Presidente Responsável e Ético na Escolha de Eleitores
Fonte: tse.jus.br
Embora a corrupção seja tão evidente nas
práticas de nossos dirigentes, ainda somos carentes de estudos mostrando as
características da ética e da responsabilidade deles. De um lado, o eleitorado
brasileiro tem dado demonstração de ser contra a corrupção, mas, por outro
lado, é favorável ao ‘rouba, mas faz’.
O discurso anticorrupção, muitas vezes
mentiroso, de alguns políticos brasileiros é usado como a bandeira de sucesso
eleitoral e o eleitorado tem sido na maioria dos casos enganados. Estranhamente,
da lista de candidatos a presidente no corrente ano, os dois mais criticados
por envolvimento em práticas corruptas e antiéticas são os que estão pontuando
melhor nas pesquisas.
Se as nossas instituições estivessem funcionando,
a exemplo do Judiciário, Congresso Nacional e Procuradoria Geral da República,
alguns dos que estão em campanha eleitoral, jamais poderiam ser candidatos a
nada. O atual presidente, que começou sua campanha nos primeiros dias de
governo, tem uma lista de delitos morais nunca vistos na história deste país, incluindo
as rachadinhas e dinheiro vivo nos negócios imobiliários, tão comentados nos últimos
dias pela imprensa.
Isto demonstra que nossa sociedade está enferma
no caminho da desmoralização e só um processo educacional de longo alcance
poderá nos tirar deste abismo. No tocante à educação ambiental, a população
mais jovem tem dado sinais de grande preocupação com o futuro, porém os mais
velhos não parecem demonstrar pudor e vergonha ao submeter os mais jovens a
viverem sem um futuro.
Torna-se cada vez mais visíveis o quanto a
política e alguns segmentos religiosos estão voltados para a violência,
corrupção e práticas antiéticas. Como já foi dito, quando a ética é roubar,
algo tem que ser feito para moralizar nossas instituições. Da mesma forma,
quando a ética admite a violência, como aconteceu no último debate dos
candidatos, a sociedade tem que dar uma resposta dura, começando com os
eleitores nos próximos dias.
Nos últimos anos a violência política tem se
alastrado pelo mundo. Só esta semana tivemos a tentativa de assassinato da vice-presidente
Cristina Kirchner, na Argentina, e o discurso do presidente Biden conclamando o
povo americano contra a violência política nos Estados Unidos, pedindo ainda
que o caminho da democracia e igualdade deva ser perseguido.
O que se vem observando no Brasil é que o
Congresso Nacional está mais alinhado com os interesses de uma minoria rica do
que os interesses de uma maioria pobre. Quando a defesa de interesses privados
é superior à defesa do bem público, torna-se ético aprovar algo como o
orçamento secreto e outras excrecências imorais como tem acontecido. É
inaceitável que o capital interno e externo defina nosso nível de democracia.
Daí a importância de mudanças nas práticas
éticas, estudando o comportamento de nossos políticos, empresários, religiosos,
organizações e vários outros segmentos da sociedade. Alguns estudiosos defendem
que nestas mudanças éticas, a responsabilidade seja incluída, de modo que a
responsabilização das pessoas seja evidenciada e não esquecida como sempre tem
acontecido.
Nos últimos anos se tem enfatizado o discurso de responsabilidade social oriundo da responsabilidade social corporativa, surgido nos Estados Unidos. É um discurso que enfatiza a ideologia do gerencialismo, eficiência, produtividade e maximização de lucros dos acionistas. Diante disto a crítica que se faz é que as escolas de administração falharam em preparar estudantes e organizações para agirem responsavelmente ou lidar com ética, moral ou dilemas sociais.
Até hoje a pesquisa é quase inexistente sobre o
que foi alcançado por aqueles envolvidos com a responsabilidade social, muito
menos interpretado o que eles estão tentando fazer, como e por que estão tentando
fazê-lo e quais as visões deles e de outros sobre as responsabilidades.
A Pandemia deixou muito claro o discurso de
responsabilidade social nas grandes corporações e cadeias de suprimentos,
quando a transmissão do vírus e mortalidade foram intensificados. Em resumo, o
que se observou no mundo inteiro foi um acúmulo de riqueza em detrimento de
desigualdades sociais gritantes, além de expor o mundo ao trabalho escravo em
benefícios das corporações.
O trabalho para a igualdade e boas condições de
vida e o ataque contra divisões dentro da sociedade não é o de evitar que uns
sejam mais ricos do que outros, mas sobre decência, democracia e segurança de
sociedades pacíficas. Desigualdades com baixos padrões de renda, saúde,
educação e expectativa de vida só trazem frustação e desespero.
Portanto, sem uma mudança da ética vigente
reorientando discursos manipuladores, que não responsabilizam os verdadeiros
tomadores de decisões, o que se pode esperar de uma sociedade tão desigual na
escolha de seus líderes políticos – presidente, governadores e deputados? Mesmo
assim, a eleição está chegando como a esperança de todos de nos livrar de indecorosos
políticos corruptos.
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