Mídias Sociais na Era Pós-Verdade - Futuro do Inferno e Horror
Fonte: UFU
Estamos
vivenciando a Era Pós-Verdade quando mentiras, fake news e teorias da
conspiração são mais importantes do que os fatos que expressam a verdade. Foi
no governo Bolsonaro que o país embarcou na era da política pós-verdade e num
negacionismo perverso a caminho do obscurantismo e destruição da base
científica construída no país durante décadas.
A mídia
social tradicional, a exemplo da imprensa tradicional, a serviço dos poderes, foi
substituída pelas mídias sociais das Big Techs e grandes corporações como
Facebook, Google, Twitter, entre outras, intensificando a mentira e a desinformação
online envenenada e disseminada sem moral e ética.
O uso da
mídia social foi inicialmente pensado com tendo um efeito positivo sobre a
democratização, mas no momento vem sendo discutido como sendo uma grande ameaça à democracia. Isto começou sendo identificado com a eleição presidencial em
2016, no Estados Unidos, seguindo com exemplos na França, Alemanha e o Brexit
no Reino Unido. A partir daí, os riscos das redes sociais à democracia
tornaram-se evidentes, principalmente no Brasil durante as duas últimas
eleições presidenciais.
Apesar do
grande número de publicações sobre este mundo pós-verdade, nos anos de 2016 e
2017, vale mencionar que a mentira, má informação e desinformação fazem parte
das maldades da existência humana e vem de longe. Os eventos acima vieram
intensificar e ilustrar esta era da pós-verdade, assim como os horrores da Covid-19.
Estudos vem
mostrando o quanto as médias sociais contribuíram para a disseminação de
informações inverídicas sobre a Pandemia, contribuindo para o que se chama de Infodêmica
da Covid-19. As médias sociais contribuíram para a resistência a vacinas e
outras medidas de saúde pública efetivas, reduzindo o envolvimento do público
nas atividades de prevenção de doenças. No Brasil isto se tornou pior com a
influência política do presidente Bolsonaro, disseminando má informação e
desinformação em todas as plataformas de mídias sociais.
Mentiras e
desinformação tomam conta do país como um câncer em metástase rápida. Vale
lembrar aqui o que disse o ex-primeiro-ministro da Inglaterra, Winston
Churchill: uma mentira dá a volta ao mundo enquanto a verdade ainda está
vestindo as calças. Isto foi dito antes da existência da Internet. Hoje, a
verdade não tem nem tempo de sair da cama.
Assim sendo, a má informação e a desinformação criam as primeiras
impressões que são quase impossíveis de serem corrigidas.
Por sua vez,
o ex-Presidente americano, Thomas Jefferson, repetidamente escreveu que a
democracia depende de um cidadão bem-informado, citado por ele como o melhor
defensor contra a tirania. Infelizmente, muitos brasileiros estão sendo bem
enganados por mentiras e fake News e não bem-informados. O pior é que parecem
satisfeitos com isto. Boa parte das informações consumidas por eles advém das
mídias sociais como Facebook, WhatsApp, Instagram e Twitter.
Os últimos
acontecimentos no país mostram que chegamos ao ápice da era pós-verdade. A
decepção com a comprovação de fatos durante a CPI da Covid-19 nos mostraram o
poder do quanto narrativas mentirosas substituíram a verdade no país. Por conta
disto, apesar de seu reconhecimento, a CPI da Covid-19 terminou em pizza.
No momento
estamos tendo uma CPI proposta pelos golpistas de 08 de janeiro, desejando
transformar mentiras em verdades. A que ponto chegamos, ao ver a desvalorização
da verdade dentro do nosso Congresso. O Brasil que tinha se tornado um pária
mundial em questões ambientais, começou a ser tornar o protagonista mundial
nesta questão, após a eleição do Presidente Lula. A prova disto foram as
recentes propostas de alguns países para fortalecer o Fundo da Amazonia. De
repente, com a desvalorização da verdade no Congresso tudo caiu por terra e os
negacionistas tornaram o país novamente em pária ambiental.
Muitos dos
golpistas do 08 de janeiro ou os “grandes patriotas” estão na cadeia, mas os
“tubarões” estão aí como se nada aconteceu. É imperdoável vê-los perambulando
pelas ruas incitando e fortalecendo o esquema de grandes mentiras pelo país
afora. Crimes e cadeias são só para os que estão no andar de baixo.
Com as
desigualdades sociais, os privilégios e conluios das elites no poder, a falta
de transparência e responsabilidade, o Brasil dificilmente sairá do futuro
pós-verdade. Com a corrupção e os privilégios vigentes é impossível manter a
democracia e a sociedade civil.
Por fim, o
andar de cima não tem nada a oferecer para nos tirar do futuro do inferno e
horror. Nós, eleitores, temos que começar a pensar na transparência e
responsabilidade neste país, mostrando isto aos parlamentares no Congresso.
A manutenção
de nossa democracia vai depender dos eleitores. Temos que parar de eleger
mentirosos para posições de confiança pública. Isto não é uma mentira, mas um
fato e uma verdade. Vamos parar de valorizar mentiras em detrimento da verdade.
Só temos este caminho, que pode também nos livrar da escravidão que está sendo
imposta pelas elites dominantes.
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