Papa Morreu Querendo Repetir Símbolo do Amor do Lava Pés
Na
Quinta-Feira Santa, antes de morrer, o Papa Francisco ainda doente visitou a
prisão de detentos denominada Regina Coeli (Rainha do Céu), em Roma, lamentando
não poder repetir seu símbolo de amor do lava pés, como prova de sua incansável
defesa da dignidade humana e sua predileção por rejeitados e descartados.
Desde sua
primeira Semana Santa, depois de ser eleito pontífice, em 2013, ele foi à
prisão lavar os pés dos prisioneiros, gesto que repetiu todos os anos até sua
última Quinta-feira Santa, quatro dias antes de sua morte. Depois de explicar o
tradicional ato de lavar pés, Francisco disse: Gosto de fazer todos os anos o
que Jesus fez na Quinta-feira Santa, o lava-pés na prisão.”
Mas este
ano, doente e com a voz fraca, o Papa disse aos presos: “Este ano não posso
fazer isso, mas rezo por vocês e suas famílias. O que foi observado é que cada
preso tem uma história para compartilhar. “Histórias de sofrimento, de solidão,
de abandono, mas também de pecado.” Para
o padre Raffaele Grimaldi, a iniciativa do Santo Padre é um sinal de que “sua
atenção aos últimos e aos pobres foi evidente até seu último dia.
Mas o que
aconteceu no funeral do Papa Francisco? Foi uma junção ou justaposição dos
poderosos e fracos, de modo que entre os humildes e os poderosos, os católicos
enterraram o “papa do povo”. Durante a homilia da missa em homenagem ao Papa
Francisco, o Cardeal Giovanni Batista RE descreveu o Papa Francisco como “um
papa do povo, de coração aberto a todos”.
Ressaltou
ainda, a atenção do Papa Francisco às pessoas marginalizadas tendo, durante os
12 anos de pontificado, priorizada temas como fraternidade, acolhimento dos
pobres, diálogo inter-religioso e defesa do meio ambiente. Diante do Presidente
Trump, o Cardeal disse ainda: “Construir pontes e não muros é uma exortação que
ele repetiu muitas vezes” e “como Sucessor do Apóstolo Pedro esteve sempre
unido ao serviço do homem em todas as suas dimensões”.
Contudo,
enquanto Trump participava do funeral, alguns de seu grupo MAGA (Make America
Great Again), ou seja, faça a America Grande de Novo, pareciam celebrar o
falecimento de um papa pró-imigração que tentou escancarar a porta da Igreja
que ele liderava para todos, incluindo católicos LGBTQ+, divorciados e
recasados.
Por fim, a
Igreja Católica se despediu do Papa Francisco, em funeral com soberanos
reinantes, monarcas, presidentes e cardeais ocupando assentos privilegiados, mas
também de um grupo diferente de convidados – uma guarda de honra composta por
imigrantes, prisioneiros, moradores de rua e fiéis transgéneros que ofereceram
rosas brancas ao caixão de um líder que colocou os marginalizados no centro de
seu “papado do povo”.
Mal foi
enterrado, o lobby já estava em andamento e esquenta cada vez mais para escolha
do sucessor de Francisco. A questão agora é saber se teremos um papa
conservador ou um papa progressista como Francisco. Contudo, o resultado é cada
vez mais menos previsível.
Entre os
que provavelmente farão lobby por um sucessor conservador para Francisco estão
Raymond Burke, bispo americano apoiador de Donald Trump e Gerhard Müller, um alemão que alertou na semana passada que a
Igreja poderia se dividir se um papa ortodoxo não fosse eleito.
Para o
cardeal Gerhard Müller, o papa não deve ser nem liberal nem conservador, mas
ortodoxo. Ao falar de ortodoxia e heresia, o cardeal nos dá a entender que o Papa
Francisco é acusado de heresia. Será que diante de Deus, o Papa Francisco é um
herege por ter trazido tantas mudanças na Igreja Católica? Será que o Papa Francisco é um herege por
abrir o Vaticano a homossexuais e divorciados, e ter se aproximado demais de
outras religiões?
No campo
progressista temos cardeais do Canadá, Reino Unido e América Latina, incluindo
o Brasil. Críticos acusaram Francisco de lotar o colégio cardinalício com seus
apoiadores ao fazer mais de 100 nomeações durante o seu papado. Contudo, para
Miles Pattenden, historiador da Igreja Católica da Universidade de Oxford,
“historicamente nenhum papa conseguiu controlar a eleição de seu sucessor”.
Neste caso,
cabe a todos os católicos e leigos do mundo, aguardar com paciência, o anúncio
do sucessor do Papa Francisco. Esperamos, assim, que no Conclave o Evangelho guie a escolha
de um novo papa, que continue nos ensinando símbolos de amor, incluindo o de
lava-pés.
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