Papa Morreu Querendo Repetir Símbolo do Amor do Lava Pés

 

Fonte: You Tube                                                                                                                                                  

Na Quinta-Feira Santa, antes de morrer, o Papa Francisco ainda doente visitou a prisão de detentos denominada Regina Coeli (Rainha do Céu), em Roma, lamentando não poder repetir seu símbolo de amor do lava pés, como prova de sua incansável defesa da dignidade humana e sua predileção por rejeitados e descartados.

Desde sua primeira Semana Santa, depois de ser eleito pontífice, em 2013, ele foi à prisão lavar os pés dos prisioneiros, gesto que repetiu todos os anos até sua última Quinta-feira Santa, quatro dias antes de sua morte. Depois de explicar o tradicional ato de lavar pés, Francisco disse: Gosto de fazer todos os anos o que Jesus fez na Quinta-feira Santa, o lava-pés na prisão.”

Mas este ano, doente e com a voz fraca, o Papa disse aos presos: “Este ano não posso fazer isso, mas rezo por vocês e suas famílias. O que foi observado é que cada preso tem uma história para compartilhar. “Histórias de sofrimento, de solidão, de abandono, mas também de pecado.”  Para o padre Raffaele Grimaldi, a iniciativa do Santo Padre é um sinal de que “sua atenção aos últimos e aos pobres foi evidente até seu último dia.

Mas o que aconteceu no funeral do Papa Francisco? Foi uma junção ou justaposição dos poderosos e fracos, de modo que entre os humildes e os poderosos, os católicos enterraram o “papa do povo”. Durante a homilia da missa em homenagem ao Papa Francisco, o Cardeal Giovanni Batista RE descreveu o Papa Francisco como “um papa do povo, de coração aberto a todos”.

Ressaltou ainda, a atenção do Papa Francisco às pessoas marginalizadas tendo, durante os 12 anos de pontificado, priorizada temas como fraternidade, acolhimento dos pobres, diálogo inter-religioso e defesa do meio ambiente. Diante do Presidente Trump, o Cardeal disse ainda: “Construir pontes e não muros é uma exortação que ele repetiu muitas vezes” e “como Sucessor do Apóstolo Pedro esteve sempre unido ao serviço do homem em todas as suas dimensões”.

Contudo, enquanto Trump participava do funeral, alguns de seu grupo MAGA (Make America Great Again), ou seja, faça a America Grande de Novo, pareciam celebrar o falecimento de um papa pró-imigração que tentou escancarar a porta da Igreja que ele liderava para todos, incluindo católicos LGBTQ+, divorciados e recasados.

Por fim, a Igreja Católica se despediu do Papa Francisco, em funeral com soberanos reinantes, monarcas, presidentes e cardeais ocupando assentos privilegiados, mas também de um grupo diferente de convidados – uma guarda de honra composta por imigrantes, prisioneiros, moradores de rua e fiéis transgéneros que ofereceram rosas brancas ao caixão de um líder que colocou os marginalizados no centro de seu “papado do povo”.

Mal foi enterrado, o lobby já estava em andamento e esquenta cada vez mais para escolha do sucessor de Francisco. A questão agora é saber se teremos um papa conservador ou um papa progressista como Francisco. Contudo, o resultado é cada vez mais menos previsível.

Entre os que provavelmente farão lobby por um sucessor conservador para Francisco estão Raymond Burke, bispo americano apoiador de Donald Trump e Gerhard Müller, um alemão que alertou na semana passada que a Igreja poderia se dividir se um papa ortodoxo não fosse eleito.

Para o cardeal Gerhard Müller, o papa não deve ser nem liberal nem conservador, mas ortodoxo. Ao falar de ortodoxia e heresia, o cardeal nos dá a entender que o Papa Francisco é acusado de heresia. Será que diante de Deus, o Papa Francisco é um herege por ter trazido tantas mudanças na Igreja Católica?  Será que o Papa Francisco é um herege por abrir o Vaticano a homossexuais e divorciados, e ter se aproximado demais de outras religiões?

No campo progressista temos cardeais do Canadá, Reino Unido e América Latina, incluindo o Brasil. Críticos acusaram Francisco de lotar o colégio cardinalício com seus apoiadores ao fazer mais de 100 nomeações durante o seu papado. Contudo, para Miles Pattenden, historiador da Igreja Católica da Universidade de Oxford, “historicamente nenhum papa conseguiu controlar a eleição de seu sucessor”.

Neste caso, cabe a todos os católicos e leigos do mundo, aguardar com paciência, o anúncio do sucessor do Papa Francisco. Esperamos, assim, que no Conclave o Evangelho guie a escolha de um novo papa, que continue nos ensinando símbolos de amor, incluindo o de lava-pés.  

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