Papa Francisco e Evangelho de Cristo na Amazônia e Conclave
O Papa Francisco morreu como Cristo, açoitado por
todos os lados pelas elites católicos conservadoras e elites políticas
dominantes, simplesmente por pregar o Evangelho de Cristo. Será que no Conclave
os cardeais vão escolher novamente um Papa do Sul-Global, um Papa da Amazonia
ou um Papa conservador para desfazer tudo o que
Francisco propôs?
Francisco foi um Papa pop, mas não um Papa “fashion”,
diferentemente do Papa Bento 16, apelidado de Papa Prada, pelo gosto pelo luxo
e sapatos de peles. Segundo o sapateiro do Papa Francisco em Buenos Aires, "Ele
não quer sapatos novos, quer sempre que eu conserte os velhos”.
Mas foi no seu testamento que Francisco mostrou também
sua humildade, pedindo que fosse enterrado num caixão simples e na terra,
diferentemente de túmulos suntuosos usados nos rituais de enterros papais. Como
Papa, Francisco deixou os conservadores católicos raivosos, tendo sido chamado
por eles até de palhaço.
Mas foi Francisco que conseguiu, no maior país
católico mundo, levar mais de três milhões e meio de pessoas para as ruas do
Rio de Janeiro e ficar enrolado e preso num trânsito caótico, quando a
gigantesca multidão queria tocar nele ou tirá-lo nos braços daquela situação.
Os aplausos das multidões ao Papa, é como se o Cristo estivesse passeando nas
ruas da cidade. Algo inédito.
O Papa Francisco desenvolveu suas atividades pelo
mundo pregando o Evangelho de Cristo e os que são contra o Evangelho, logo se
irritam. Um exemplo disto, aconteceu logo após a morte do Papa, quando a
deputada conservadora trumpista, de extrema direita, Marjorie Taylor Greene, disse:
“Hoje houve grandes mudanças nas lideranças globais. O mal está sendo derrotado
pela mão de Deus”.
Em 2019, temendo a destruição da Amazônia e a
perseguição aos povos originários, o Papa Francisco criou o Sínodo da Amazônia.
Para o Papa Franscisco “os povos nativos da Amazônia provavelmente nunca foram
tão ameaçados em suas próprias terras como agora. A Amazonia está sendo
disputada em várias frentes”.
Pouco tempo depois, no Congresso Nacional, veio a
reação da extrema direita bolsonarista, que começou esboçando o projeto de lei,
do chamado Marco Temporal, destinado a tomar as terras dos índios, o qual foi
votado pela Câmara dos Deputados em 2023 e logo em seguida pelo Senado Federal.
Embora rejeitado pelo Supremo Tribunal Federal, a
questão das terras indígenas ainda não foi resolvida no país. Mas o Papa
Francisco não deixou de denunciar os abusos contra a população indígena no
mundo. No Canada, pela primeira vez, chamou de genocídio o que fizeram com a
população indígena no século passado. E aí está incluída a Igreja Católica e
outras religiões, sobretudo em termos de abuso sexuais e pedofilia.
É impossível num pequeno texto apontar o legado do
Papa Francisco, mas a verdade é que ele mexeu com estruturas políticas arcaicas
e conservadoras e dentro da Igreja Católica chamou os conservadores de “elites
católicas”, que desejam manter estruturas perversas e dominantes.
Imagine a raiva e indignação destes conservadores
verem o Papa lavando os pés de uma refugiada muçulmana. Cristo não veio ao
mundo para disseminar o ódio. Ele veio lavar pés. Imagine a quebra de um tabu
na Igreja Católica, quando o papa disse: “quem sou eu para julgar os
homossexuais”. Temos que aceitar que,
como nós, são filhos de Deus e o julgamento deles cabe a Ele e não a nós.
Imagine o que os conservadores pensam sobre o Papa em
conversar com líderes de outras religiões. Imagine o Papa distribuir comidas
para mendigos que vivem ao redor do Vaticano e convidá-los para jantar com ele.
Por fim, as ações do Papa Francisco em defesa dos pobres, imigrantes e
vulneráveis incomodam muitos dirigentes políticos.
Se existe algo nobre que Francisco nos ensinou foi a
relação entre política e religião. Temos que estar atentos a isto, mas não
sendo petistas ou bolsonaristas, como acontece hoje. Esta escolha de lado A ou
B, não passa de alienação. Temos que nos envolver com a política em defesa do
bem comum, dos pobres e vulneráveis, como diz o Evangelho.
Muitos preferem passar o dia rezando, que pode não
servir de nada, mas fogem da política, sempre dizendo que tem ódio da política,
fugindo da responsabilidade e da solidariedade como nos ensina o Evangelho. Francisco em sua encíclica “Laudato Si” nos
ensinou o conceito de sustentabilidade, ou seja, pedindo que jovens e idosos protejam
o meio ambiente em benefícios de gerações futuras. Estamos vendo pacificamente a destruição
ambiental no Brasil, por governos de esquerda e direita.
Infelizmente, neste mundo boa parte da humanidade vive
como disse o poeta Charles Péguy, no século passado. Muitos não têm a coragem
de fugirem de Partido A ou B, mas acreditam ser de Deus. São pessoas que não
amam ninguém, mas acreditam amar a Deus. São pessoas que vivem iludidas
pensando que amam Deus.
Já foi dito que o Sul-Global perdeu um Papa e a
humanidade a consciência. Mas nós católicos, do Sul-Global, ainda temos a
esperança de que o Conclave escolha um Papa do povo e defensor dos pobres e da
ecologia. Que o Evangelho de Cristo ilumine o Conclave!
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