Dos Cuidados de Saúde ao Kit da Morte, Ilusão e Perversidade
Fonte: Fotospublicas.com
corruptos, nem dos desonestos, nem dos sem ética. O que mais
preocupa é o silêncio dos bons” (Martin Luther King)
Com o resultado de mais de 600 mil mortes, destruição da Amazônia, massacre aos índios, aumento da pobreza, violência e o kit da morte ou ilusão, entre outros, o mundo começa a entender a perversidade da elite brasileira que, de tudo fez, para trocar a vida pela morte e o conhecimento e a ciência pelo charlatanismo, levando o país ao obscurantismo neste governo negacionista.
O conhecimento e experiências da comunidade
científica mundial levaram a definição de ações para se combater o coronavírus
numa Pandemia que aterrorizou o mundo, as quais foram traduzidas em cuidados de
saúde simples como lavar as mãos, usar máscaras, manter distanciamento social,
incluindo lockdowns, quando necessário, aguardando a chegada de vacinas, que
surgiram depois de quase um ano após o surgimento do vírus, como único caminho
de salvar vidas e conter o vírus. As bases de conhecimento de todas as
partes do mundo foram mobilizadas para produzir vacinas e, no final de 2020,
algumas delas chegaram aos braços do povo, principalmente nos países
desenvolvidos.
O que vem se observando no mundo,
principalmente nos Estados Unidos e Brasil é o desprezo pela ciência e conhecimento por boa parte da sociedade. Não há
dúvidas de que as mudanças paradigmáticas requerem
a reconstrução do conhecimento ao questionar a superioridade (ou não) do método
e conhecimento científico, que não pode desprezar a interpretação e compreensão
de uma nova hermenêutica, como forma de compreender as sérias questões sociais
que nos atormentam. Identifica-se também uma forma de desprezo no campo das ciências,
que leva boa parte da comunidade acadêmica ao silêncio, num momento em que não
se pode silenciar para enfrentar as perversidades de uma extrema direita
ignorante, defendendo o caminho do obscurantismo.
Sem um conhecimento interpretativo é difícil
compreender como muitos profissionais médicos abandonaram o conhecimento científico e de evidências
e se entregaram à racionalidade econômica, prescrevendo o Kit Covid, sem
comprovação científica, influenciando gestores públicos em todo o país. Assim
sendo, a relação de utilização do Kit Covid com a economia, mercado, usura e outros interesses precisa ser estudada por todos os campos de conhecimento,
incluindo Direito, Sociologia, Ética e as Ciências da Saúde.
A CPI da Covid trouxe uma extraordinária
contribuição mostrando-nos como o fanatismo, as Fake News, a ignorância e,
principalmente interesses econômicos de uma elite descompromissada, a exemplo
de alguns empresários, jornalistas e políticos, que tentaram e estão tentando destruir
a base de conhecimento do país. Já se comentou que os Estados Unidos irão levar
mais de dez anos para recompor sua base de conhecimento, destruída no governo
de Donald Trump. Imaginem este prejuízo no Brasil, que foi mais devastador com
o corte de verbas para pesquisas, hostilidades às universidades e às comunidades
acadêmicas. Nenhum país do mundo seguiu o caminho de
intensificar o uso de medicamentos sem comprovação para o tratamento da Covid-19.
Portanto, o kit covid ou kit da morte e da
ilusão foi uma das maiores perversidades praticadas neste país contra a
população, quando a opção pela morte e o desprezo pela vida ficou
evidenciada. Assim sendo, a falta de
cuidados adequados, o desestímulo ao uso de máscara, distanciamento social e
aquisição de vacinas levaram muitos à morte. É inacreditável o que se lia nos
noticiários, quando o número de kits covid distribuídos na maioria dos Estados
era maior do que o de kits de intubação, sem falar no caso de Manaus, quando
foi notório a distribuição de medicamentos ineficazes enquanto muitos morreram
asfixiados pela falta de oxigênio.
Diante destes fatos, a comunidade acadêmica e
científica do Brasil não pode silenciar e deixar que a base de conhecimento
construída no país, reconhecida mundialmente, seja destruída por uma elite e
fanáticos descompromissados. Como já foi dito, os cientistas deste país nos
campos científico e de uma nova hermenêutica não podem deixar que
pseudocientistas levem a comunidade acadêmica e científica do Brasil e do mundo
ao descrédito.
É lamentável que integrantes de instituições
como o Conselho Federal de Medicina (CFM) legitimem a pseudociência. O médico
tem o poder de prescrever medicamentos, mas vale lembrar também o juramento que
foi prestado para prescrever dentro de evidências científicas. Não é momento de silêncio. Nossa casa está em
chamas e nossas vidas estão em riscos.
*Jose Rodrigues Filho é professor da
Universidade Federal da Paraíba. Foi pesquisador nas Universidades de Johns
Hopkins e Harvard. Recentemente foi professor visitante na McMaster University,
Canadá. https://jrodriguesfilho.blogspot.com/
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