Dos Brucutus ao Conhecimento e Ciência no Ministério da Saúde
É possível que o Ministério da Saúde tenha
registrado a pior e mais desastrosa gestão de sua história durante o governo
Bolsonaro, sobretudo na gestão Pazuello, apesar dos registros de corrupção e má gestão em governos anteriores. Nunca a comunidade acadêmica e científica, em
geral, e no âmbito da saúde, em particular, tinha sido tão humilhada e
rejeitada, diante de um negacionismo marcante.
Foi na gestão do ministro Pazuello que
começamos a ouvir os ecos em experimentos humanos, através do Kit Covid ou
tratamento precoce, engendrado pelo governo, empresários e profissionais
médicos, que até pareciam com aqueles crimes arrepiantes, chocantes e
horrorosos de alguns médicos durante a II Guerra Mundial, em Nuremberg na
Alemanha, com o propósito de matar, como relatado por Vivien Spitz, em seu
livro denominado de Médicos do Inferno.
A propaganda do Kit Covid, constituído
basicamente por ivermectina, azitromicina e hidroxicloroquina, levou muitos
brasileiros a embarcarem numa aventura de falsa cura, quando se negava e
atrasava a compra de vacinas. Sem
comprovação científica e criticado por várias entidades médicas, o Kit Covid
tornou-se um kit da morte, uma vez que só através de vacinas seria possível
combater o coronavírus.
Portanto, o kit da morte foi uma das maiores
violências praticadas no âmbito do Ministério da Saúde, que atingiu em cheio o
nosso Sistema Único de Saúde (SUS). Tanto o SUS quanto o NHS, sistema de saúde
da Inglaterra, vistos como os melhores sistemas de saúde do mundo, enfrentaram
crises severas durante a Covid-19, a partir do corte de recursos. Se o NHS, já
foi considerado como sendo o primeiro sem segundo no mundo e a maior fonte de
orgulho do povo inglês, o SUS não fica atrás, como uma das maiores fontes de
orgulho do povo brasileiro.
Os governos de direita tanto no Reino Unido
quanto no Brasil, incluindo o governo Bolsonaro, tudo fizeram para destruir
estes sistemas. Em 2016, o governo Temer comemorou a aprovação pelo Congresso
de uma PEC que limitou o teto de gastos, incluindo o SUS. Esta ação criminosa
resultou na redução de direitos da população à saúde e à dignidade humana, além
da violência e desrespeito à vida humana.
Com a perda de bilhões, a partir de 2017, o SUS
vem mostrando o crescimento da mortalidade causada pela dengue, zika e
chikungunha e a sua decadência. Com o coronavírus, não se fala mais na dengue,
que está matando como nunca. Se o SUS não está dando conta da dengue, como
podia enfrentar a pandemia do coronavírus? Como salvar o povo destas epidemias,
aliviando sofrimentos?
Além disto, as influências políticas na gestão
de saúde no Brasil são desastrosas, a partir da indicação de seus dirigentes
que, em geral, não tem a qualificação adequada. Isto começa pelos cargos de
ministros da saúde, que nem sempre tiveram uma formação nas nossas Escolas de
Saúde Pública, entre as melhores do mundo.
Os profissionais destas Escolas têm uma
formação profunda em Gestão e Planejamento de Saúde, Políticas Públicas e
Sociais, Saúde Pública e Coletiva, além de estudos epidemiológicos. Precisamos
de um ministro da saúde com esta formação. Não confundir medicina com saúde. Saúde pública não é medicina clínica. Diante
do poderio médico e de influências nocivas, as políticas de saúde no Brasil
sempre foram desastrosas, apesar da ligação do SUS com nossas Escolas de Saúde
Pública. Escolher renomados médicos para ministro da saúde não é uma boa prática,
deixando a saúde pública como área inferior à medicina clínica.
Agora, indicar um general como ministro da
saúde só cabe num governo inferior e desprezível. O resultado foi o atraso na
compra de vacinas, uso do kit da morte, corrupção e o genocídio durante a
pandemia, com continuidade nas terras dos Yanomamis. O pior é que não estamos vendo justiça sendo
feita contra estes crimes contra a humanidade.
A indicação da Ministra Nísia Trindade, como a
primeira mulher a ocupar este cargo, nos traz muitas esperanças. Primeiramente,
por conta de sua qualificação adequada e, depois, por conta de sua base científica
e de conhecimento, que começou mostrando que esta função não pode ser ocupada
por brucutus.
Logo que assumiu o cargo foi logo declarando emergência
em saúde pública nas terras dos Yanomamis, diante da crise de desnutrição e
mortes na região e completa desassistência sanitária no território indígena.
A Ministra Nísia Trindade iniciou seu trabalho
mostrando que não faz parte da tropa do extermínio e da monstruosidade criminal
do genocídio Yanomami, diariamente divulgado em imagens de corpos cadavéricos
de crianças, homens e mulheres.
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