Big Loucuras e Finanças Sustentáveis na Cúpula de Paris

 

Fonte: AP News                                                                                  

As Big loucuras que levaram o mundo a enfrentar a maior ameaça do século e a maior crise ambiental da história foram recentemente vivenciadas no Brasil, apoiadas pelo governo anterior e seus seguidores, que pareciam se regozijar com a destruição e queimadas na Amazonia. 

Esta semana, na Cúpula de Paris, autoridades de mais de 40 países, entre desenvolvidos e em desenvolvimento, expuseram as Big loucuras que fortaleceram a maior ameaça do século e a necessidade de balançar o status quo com medidas claras sobre as questões climáticas, pobreza mundial, oferta de alimentos e a biodiversidade.

Neste sentido, líderes mundiais que participaram da Cúpula de Paris discutiram um pacto financeiro global direcionado para finanças do clima, crescimento verde, dívidas e investimentos privados, de modo que os países pobres tenham acesso à investimentos que os ajudem a enfrentar a crise climática, desenvolvendo suas economias de forma ambiental e socialmente sustentáveis.

A conclusão foi que estamos longe de alcançar desenvolvimento e finanças sustentáveis, uma vez que as Big loucuras sempre nos afastaram disto, a partir de sistemas financeiros arcaicos e conservadores. O Presidente da França, Emmanuel Macron, enfatizou a necessidade de se enfrentar conjuntamente a pobreza e os desafios nos países pobres e emergentes.

Para Macron, é preciso reformar estruturas como o Banco Mundial, Fundo Monetário internacional e investimentos públicos e privados. Recentemente a primeira-ministra de Barbados, Mia Mottley, criticou duramente o Banco Mundial, FMI e instituições similares, a maioria delas criadas nos últimos dias da segunda guerra mundial. Para Mottley, estas instituições não são adequadas para as tarefas do século XXI e enfretamento das crises climáticas.

Referindo-se à França, o diretor do Jornal Le Monde, Jérôme Fenoglio, em editorial, afirmou: “Devemos transformar nosso país e as formas de se pensar”, no sentido de que seja possível adaptar “nossa relação com a vida, com nossas espécies e a natureza”. Para ele, o sucesso disto vai depender de nossa habilidade de não ser arrastado pelas duas fatalidades escorregadiças do declínio da modernidade – avareza e cinismo, ao restaurar o senso do bem comum.

Para contribuir com o debate público, 100 repórteres do Jornal Le Monde viajaram pela França, levantando desastres climáticos que necessitam de ações urgentes no sentido de explicar situações graves, que exigem adaptações. Tal movimento pode ser visto como uma reconstrução pacífica da sociedade, exigindo reflexão e debate.

No Brasil, o grande entrave de se alcançar desenvolvimento e finanças sustentáveis é a resistência de se mudar a forma de pensar das elites dominantes. No campo político se tem a bancada ruralista para reforçar o status quo e o atraso. No campo dos negócios se tem um agronegócio insustentável, tóxico, predador e arcaico, onde o lema é a avareza e o cinismo.

Os últimos acontecimentos no país, no âmbito da Câmara dos Deputados, foi a aprovação do projeto do Marco Temporal. A resposta a este comportamento predador e tóxico do agronegócio insustentável foi dada recentemente pelo Parlamento francês, que rejeitou a aprovação do acordo do Mercosul.

Big loucuras como estas não ajudam o cenário internacional na busca de um projeto de finanças sustentáveis para o Brasil, ilustrando o deboche aos que estão na busca de enfrentar a maior ameaça do século.  Como foi dito acima, ainda estamos escorregando na pista da avareza e cinismo de uma minoria.

Mesmo assim, na justiça mais elementar entre seres humanos, riqueza não deve conferir direitos para deteriorar as condições essenciais à existência na terra de todos nós, incluindo o ar, temperatura e a estabilidade ambiental. Este é um fato óbvio que não pode ser ignorado. 

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