Capital Imobiliário Voraz na Destruição Ambiental de João Pessoa

 

Fonte:Prefeitura de João Pessoa                                                  

O capital imobiliário voraz agride brutalmente a Natureza, a exemplo da destruição ambiental de João Pessoa, uma das cidades mais verde do país. Isto vem de longe com a conivência do poder público, apesar das críticas de cientistas, ambientalistas e parte da sociedade civil.

As big loucuras e voracidade do capital imobiliário insustentável não parece ter dado ouvido ao que foi discutido a semana passada na Cúpula de Paris sobre finanças sustentáveis, propondo profunda reformas de instituições arcaicas como o Banco Mundial e o Fundo Monetário internacional – FMI para o enfrentamento da maior crise do século, que tem como causa a destruição ambiental.

Comenta-se que alguns prefeitos colocaram suas cidades à venda, entregando-as à especulação imobiliária, tirando o aspecto de bem público, sem nenhuma consulta pública ou participação popular. Quando se trata de recursos públicos, muitas construções são realizadas com o propósito de usá-los de qualquer jeito, contrariando as necessidades da população.

Há poucos anos, o Cabo Branco, ponto extremo oriental das Américas, em João Pessoa, foi vítima de uma irresponsabilidade ambiental com a construção da chamada estação ciência, que de ciência não tem nada. Não importa se tratar de um projeto do arquiteto Oscar Niemeyer. O que importa é que recursos públicos foram usados apressadamente para agredir a Natureza. Aliás, os Conselhos de Arquitetura já deveriam estar cassando os títulos de quem aprova projetos em áreas que agridem a Natureza.

Todos sabem que a Estação Ciência foi construída numa área de grande fragilidade para suportar o peso de uma construção de concreto e vidro, prevendo-se ainda a intensificação do fluxo de automóveis e pessoas, a poucos metros da borda da falésia do Cabo Branco. Além disto, já se sabia da necessidade de obras de contenção da erosão da falésia.

O que mais estranha no momento é que nos últimos quatro anos, a construção está fechada, mas, ao que tudo indica, recursos já foram obtidos para renovar uma área que não deveria ter sido usada para tal propósito. Pelo que se comenta, a Estação Ciência teria a função de contribuir com recursos e pesquisas para a “preservação” da falésia.

Isto demonstra que a Cidade de João Pessoa é carente de um projeto de urbanização sustentável, onde os recursos públicos são usados para atender as conveniências de seus dirigentes e não as necessidades da população e os recursos privados seguem os interesses da especulação imobiliária.

A vontade do último governo federal e de seus apoiadores de desmatar e destruir nossas florestas, acelerou o apetite do capital imobiliário voraz em projetos insustentáveis, levando o país a se tornar um pária internacional.

No momento está em andamento um projeto similar ao da Estação Ciência, visando construir um espigão de mais de 40 andares, a menos de 50 metros da barreira na subida da Avenida Rui Carneiro, no Brisamar, sentido Centro. Trata-se de um projeto da construtora pernambucana Moura Dubeux.

Segundo a imprensa, trata-se de um projeto que está sendo construído numa área de preservação ambiental, de forma ilegal e sem autorização. Qualquer pessoa de conhecimento elementar sabe que o peso de um edifício de mais de 40 andares numa área de grande fragilidade vai afetar a barreira da Avenida Rui Carneiro e edificações próximas desta construção. Alguns vereadores da cidade já estão comentando sobre o que está embutido nesta obra.

Espera-se que a justiça ambiental de João Pessoa embargue esta construção, que vai afetar o verde da cidade, com consequências ambientais desagradáveis. Além disto, não se conhece nenhuma política pública municipal, que venha beneficiar o grande contingente de possíveis moradores do novo edifício.

Neste sentido, só através de movimentos organizados é possível frear a fome do capital imobiliário voraz e insustentável e suas conexões nacional e internacional para reduzir alguns aspectos já visíveis em João Pessoa, a exemplo do aumento do número de andares dos prédios, o avanço sobre áreas verdes da cidade e o afrouxamento das análises prévia de licenciamentos e fiscalização.

Além disto, estamos percebendo claramente o processo de gentrificação em João Pessoa, ou seja, o processo de alteração urbana encarecendo determinadas áreas em detrimento de outras, tornando a vida das comunidades mais difíceis com o aumento das desigualdades. Enfim, muitas comunidades terminam sendo afugentadas para áreas mais distantes.

O capital imobiliário em João Pessoa é bem-vindo, desde que venha fortalecer o verde de nossa cidade e os projetos sustentáveis de urbanização. A barreira da Avenida Rui Carneiro e a área verde ao seu redor não podem ser destruídas para atender à avareza e cinismo de um capital imobiliário voraz, insustentável e predador.  

Diante da maior crise que estamos vivenciando neste século, precisamos urgentemente de uma justiça e uma educação ambiental para nos proteger e interromper as agressões e crimes ambientais que estão acontecendo na Cidade de João Pessoa.

Dorminhocos, acordem! Nossas casas estão sendo destruídas. 

 


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