Inflação do Banco Central e Juros do Presidente Lula
Fonte: Agencia Brasil - EBC
O Brasil enfrentou
duas grandes batalhas esta semana, sendo uma delas entre o Banco Central, que
detém muito poder e defende o controle da inflação e o Presidente Lula, que
defende juros baixos, aumento de empregos e o desenvolvimento do país. Espera-se
que o golpe sofrido pelo Presidente Lula sirva de reflexão para uma revisão da independência
do Banco Central.
A segunda
batalha, que não será tratada aqui, não só assustou o mundo, como desmoralizou a
política brasileira, mostrando cenas teatrais terríveis na casa do povo, como
forma de se influenciar decisões políticas. Um assunto que merece um debate
profundo de políticas públicas, a exemplo do aborto, foi dominado pela chamada bancada do estupro, com
cenas inadequadas para nossa democracia.
Voltando a
independência do Banco Central, percebe-se que qualquer governo pode ser
derrubado, na falta de um alinhamento de uma política monetária. Este
alinhamento não existe no atual governo que, ao contrário do governo anterior,
tem uma pauta em defesa dos pobres.
Sem o
controle da inflação, os burocratas de Bancos Centrais perdem o poder e a
independência se acaba. Aí vem os excessos, como no Brasil, com uma inflação
abaixo de 5% e uma taxa de juros acima de 10%. Neste caso, parece justo se ter
um balanceamento mais adequado, até porque nenhum governo deseja inflação alta
para o povo.
Não só no
Brasil, mas também na Inglaterra (governo conservador), os dirigentes
governamentais estão exigindo juros baixos, como forma de manter a economia em
movimento, fortalecendo o setor produtivo. Daí, parecer justa a defesa do
Presidente Lula e injusta a dos dirigentes do Banco Central.
No caso da
Inglaterra, que adotou a independência do Banco Central em 1998, percebe-se que
o modelo que controle da inflação, que deve ser o mesmo adotado no Brasil, não
está funcionando. Para o atual governo conservador, a população está pagando um
preço muito alto e o Banco Central está sendo acusado de “incompetência miserável”.
Conforme
recente relatório sobre o Banco da Inglaterra, o controle da inflação se baseia
num modelo quantitativo limitado, sendo a política monetária direcionada por
dados e tecnocratas, ao invés de ser politicamente motivada. Assim sendo, este
é o modelo de governança denominado de ouro padrão nas finanças pelo mundo
afora, desde o início de 1990.
Este modelo
vem sendo contestado, não só por economistas políticos, mas por governantes
pelo mundo afora. O modelo conseguiu manter inflação baixa em países como a Suíça
e Suécia, mas depois da Pandemia e da guerra na Europa os preços começaram a
subir globalmente.
Por conta
disto, recentemente, vários membros do Partido Conservador da Inglaterra, além
de várias outras autoridades financeiras do país fizeram severas críticas ao
Banco Central, exigindo uma revisão de sua independência. Esta revisão inclui
os custos do modelo de arrocho quantitativo, os mandatos de dirigentes do Banco
Central e outros itens da independência. Para eles, não é possível manter o
atual modelo sem consultar o público e o Parlamento.
O mesmo
deve acontecer no Brasil, sabendo-se como se deu a independência do Banco Central, quando foi entregue aos monstros do capitalismo. Como já foi dito, a independência
de Bancos Centrais simplesmente reforça a independência de banqueiros, credores
e interesses de corporações internacionais.
Para o
economista brasileiro Guilherme Narciso de Lacerda, “Aceitar que o Banco
Central seja uma Instituição à parte, cuja função é apenas administrar o
remédio (único) para segurar a febre e que o problema da economia brasileira
tem que ser resolvido pela política fiscal é um erro que leva a consequências
muito graves para nosso País”. Para ele, a política monetária compõe a política
econômica.
Por fim, o
Presidente Lula está coberto de razão em pedir juros mais baixos para acelerar
o desenvolvimento do país. Contudo, pelo golpe recebido, de forma unanime, ele deve
perceber que só a mudança do Presidente do Banco Central não vai resolver o
problema.
A revisão de sua independência é o caminho mais adequado, embora na atual conjuntura o Parlamento brasileiro dificilmente pense nisto. O eleitor deve decidir se quer um Banco Central a serviço do povo ou das grandes corporações.
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