A Desastrosa Produção de Carnes no Brasil Desrespeita a COP30
Fonte: Fundação Heinrich Boll
A história da indústria de carnes é “uma história de corrupção” (Livekindly) e “a produção de carne industrial” não é só responsável pelas “precárias condições de trabalho”, mas “expulsa as pessoas de suas terras, leva ao desmatamento, perda da biodiversidade e uso de inseticidas. Além disto, o setor é ainda apoiado e financiado pelos mais poderosos bancos e investidores do mundo” (Meat Atlas 2021). Comenta-se que alguns praticam negócios podres.
É frustrante para a comunidade científica mundial saber do crescimento da desastrosa produção de carnes no Brasil e das iniciativas e comemorações do governo e das grandes corporações, neste momento da realização da COP30 no país, em desrespeito e afronta ao evento.
Embora
referente aos Estados Unidos, o texto acima se aplica a nossa realidade, quando
temos uma indústria de carnes que funciona de forma desconhecida, obscura e
oculta e um histórico de corrupção envolvendo vários partidos políticos, sendo
o PT o mais beneficiado, segundo a imprensa. Não se pode deixar de mencionar a
venda de carne podre, numa operação da Polícia Federal, denominada de Carne
Fraca.
Assim
sendo, é preciso explicar para a
sociedade e não para os produtores e vendedores de carnes o que significa para
o país este crescimento, não só em termos de desmatamento, mas em termos de
níveis nutricionais, de saúde e outros danos à população brasileira, incluindo
práticas corruptas.
Segundo
dados da imprensa, fornecidos pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria,
Comércio e Serviços (MDIC), “de janeiro a março de 2025, o Brasil exportou para
a China US$ 1,36 bilhão de carne bovina refrigerada ou congelada”. Isto levou o
governo e os representantes de carne, há poucos dias, a visitarem países como Japão,
China e Vietnã buscando a venda de carnes, temendo as tarifas de Trump.
Um dos
grandes problemas da produção de carnes para os consumidores é a falta de
informações, sobretudo em termos de qualidade e quantidade da carne produzida.
Há informações de que o Brasil exporta de 25% a 30% da carne produzida no país,
que deve ser a carne de melhor qualidade, diante das exigências de determinados
países em termos de qualidade e exigências sanitárias.
Qual então
a qualidade da carne consumida no Brasil? A chamada fila do osso e a venda de
carne podre nos leva a concluir que a população de baixa renda parece consumir
carne de baixa ou péssima qualidade. O mínimo que a indústria de carnes deve fazer
é fornecer aos consumidores brasileiros informações sobre a qualidade e
condições sanitárias da carne que estamos consumindo.
Ê preciso
mencionar aqui a produção de carnes nos Estados Unidos, que não se diferencia
do que acontece no Brasil. Segundo alguns estudos, a carne bovina de alta
qualidade é exportada para países que querem pagar elevado preço, a exemplo do
Japão e Coreia do Sul. Lembrar que o país é um grande exportado e importador de
carnes, além de ser o maior consumidor de carnes do mundo, a exemplo da carne
bovina moída, sendo a demanda interna atendida por contes de carne bovina de
qualidade inferior.
Em resumo,
o país ganha um bom dinheiro com a carne exportada de boa qualidade e atende a
demanda interna com um tipo de carne inferior. Como grande exportador e
importador de carnes, o país deve ter lucros surpreendente no mercado de
carnes, apesar de ter um rebanho bovino inferior ao do Brasil.
Qual o
interesse do governo brasileiro em vender mais carnes para o mundo, se a
maioria de nossa população está consumindo carnes de baixa qualidade e teor
proteico? A picanha do governo foi só uma propaganda para vender mais carnes ao
mundo. Mesmo assim, é bom que o governo informe a sociedade brasileira o
percentual da população consumindo a picanha grelhada sem gordura, filé mignon
e contrafilé, com elevados teores proteicos.
Além disto,
não temos informações sobre a relação, que parece não existir, entre a produção
de carnes no Brasil e o nosso sistema alimenar e de segurança alimentar. Segurança
alimentar da população brasileira é uma questão de segurança nacional e todos
os sistemas de produção de alimentos devem estar conectados ao nosso sistema
nutricional e de segurança alimentar.
Espera-se
que a COP30 seja um momento de se fazer denúncias duras sobre as iniciativas do
governo de expandir o crescimento da produção de carnes no Brasil e de
financiar a maior exportadora de carnes do mundo, JBS, ao longo de vários anos,
através de investimentos cruéis do banco estatal, BNDES (Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social).
Há poucos
dias a comunidade cientifica no mundo e várias instituições denunciaram as
iniciativas da administração Trump em permitir a listagem da JBS na Bolsa de
Valores de Nova York, de forma estranha. Assim sendo, a junção de iniciativas
do governo brasileiro e da gestão Trump em beneficiar a JBS, trarão resultados
aterrorizantes não só para a sociedade brasileira, mas para todo o mundo, em
termos de destruição ambiental.
O Brasil
não precisa expandir sua produção de carnes, cabendo a COP30 mostrar para o
mundo que os governos no Brasil, incluindo o atual, sempre estiveram mais
alinhados com a ganância corporativa, do que com práticas ambientais
responsáveis e sustentáveis.
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