Últimas Palavras dos Mortos - A Real Pandemia de 665 Mil Mortes

 

Fonte: Senado Federal           

É comovente, emocionante e doloroso quando se lê o registro de momentos concretos e acessíveis de troca de mensagens em pessoa, quando não se é mais possível fazê-la. Estamos falando das últimas palavras ou troca de mensagens entre os que se foram com a Pandemia e seus familiares. Momentos horríveis por se tratar de registros quando se tinha de morrer sozinho, longe de familiares, sem ouvir uma palavra de conforto.  

Mensagens como esta: “Estou sem condições de respirar mais e vou ser intubado e não sei se voltarei” e várias outras foram publicadas pela imprensa americana, com o consentimento de familiares dos que se foram durante a Covid-19, depois de dois anos, quando os Estados Unidos se preparavam para chegar ao deprimente e sombrio marco de um milhão de mortes da Covid-19, mostrando o terrível momento por que passaram milhões de famílias.

É duro ler os registros destes últimos momentos – profundamente comoventes, devastadores na intimidade e profundamente humano. O propósito foi trazer uma realidade, mostrando que a Pandemia foi real e que os que morreram deveriam ser lembrados e memorizados. Muitos disseram que tinham a esperança de que tais mensagens podiam tornar a Pandemia ser sentida como real, principalmente para os que não tiveram a experiencia de dias difíceis e, em alguns casos, para os que acham que um milhão de mortes ainda não é o bastante para se acreditar.

No Brasil, também depois de dois anos, a dor de milhares de famílias é uma realidade semelhante ao que foi comentado acima e o registro de troca de mensagens entre os que se foram e seus familiares, depois de mais de 665 mil mortes deve ser tão comovente quanto o que comentamos acima. O mais difícil no Brasil talvez seja tornar a Pandemia uma realidade, quando temos um Presidente que a classificou como uma “gripezinha” e menosprezou a vacina, não só deixando de adquiri-la no tempo apropriado, mas considerando que as pessoas podiam se tornar jacarés.   

Ainda hoje Bolsonaro continua desacreditando as vacinas, quando as provas em todo o mundo mostram claramente que a salvação de muitos, em vários países, foi graças a vacina. Infelizmente, a maioria dos fãs do presidente acredita no que ele diz. Isto, sem dúvida, dificulta tornar a Pandemia uma realidade para muitos, mesmo que alguns deles estejam morrendo por conta disto.

Comenta-se que Bolsonaro avançou em seu desejo de levar multidões de defuntos às covas. Como deputado, defendia que a ditadura deveria ter matado 30 mil. Agora, como presidente, os comentários são de que nesta Pandemia “ajudou despachar mais de 100 mil para a cova”, sendo 30 mil de seus seguidores. A CPI da Covid apontou várias denúncias contra este governo, mas, infelizmente, até o momento a justiça brasileira não se pronunciou sobre tais denúncias.

Com um milhão de mortes nos Estados Unidos e 665 mil no Brasil (os dois campeões de mortes da Covid-19), o percentual de mortes por 100 habitantes nos Estados Unidos é menor do que no Brasil. Mesmo assim, é vergonhosa a estatística de mortes da Covid nos dois países. Ao politizarem a Pandemia, tanto Trump como Bolsonaro são os maiores responsáveis por este desastre. A diferença entre os dois é que Trump investiu muito em vacinas, mas, por outro lado, ajudou desacreditá-las. Bolsonaro, por sua vez, atrasou a compra de vacinas, levando muitos à morte, e ainda hoje desacredita as vacinas.

O índice de vacinação no Brasil ainda é muito baixo e, por conta disto, pode-se dizer que o vírus não está sob controle. Ainda corremos um grande risco com o surgimento de uma variante que atinja um bom percentual da população brasileira. Muitas mortes podem ainda acontecer, considerando que só os idosos conseguiram alcançar um bom nível de vacinação. Tentando ofuscar a imagem negacionista de Bolsonaro, o Ministério da Saúde tenta, intempestivamente, decretar o fim da emergência sanitária. Se tivessem ouvido as últimas palavras do sofrimento dos que se foram, não fariam isto, evitando mais mortes.

Notícias recentes mostram que só 30% dos jovens até 24 anos tomaram a terceira dose da vacina e, no geral, o nível de vacinação com a terceira dose está abaixo de 50% da população. Isto mostra os riscos que o país corre. A comunidade científica já considera que uma vacinação adequada se dá após a terceira dose. A quarta dose já foi sugerida para idosos acima de 75 anos em vários países, mas por conta do aumento de casos, a quarta dose está sendo sugerida para pessoas acima de 50 anos. No Brasil, os Estados com maiores índices de vacinação (São Paulo, Ceará, Paraíba e Piauí) ainda não atingiram 80% da população totalmente vacinada.

665 mortes devem ser sentidas por todos os brasileiros, que devem escarar a Pandemia como uma realidade que levou ao sofrimento milhares de nossos irmãos, morrendo nas condições mais terríveis da história. O que disseram os que se foram antes da morte? Saber disto de seus familiares pode levar muitos a mudarem de ideia sobre a realidade da Pandemia. Vamos incentivar a comunidade científica a encontrar o vírus de outros animais e criar uma vacina universal. Não vamos embarcar nos que buscam o caminho do obscurantismo e da crueldade. 

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