Finanças Sustentáveis do Presidenciável Ciro Gomes
Fonte: Sindicato dos Bancarios
"Podemos ter democracia, ou podemos ter
riqueza concentrada nas mãos de poucos, mas não podemos ter os dois". Louis
Brandeis
Ciro Gomes foi o único Presidenciável que já apresentou
uma proposta de justiça social consistente para este país, ao defender sua
proposta de finanças sustentáveis. Aliás, na campanha anterior, Ciro Gomes
prometeu tirar milhões de brasileiros do SPC.
Pensar em finanças sustentáveis no Brasil ainda
é um sonho, diante da concentração de meia dúzia de bancos dominando o sistema financeiro do país. Por conta disto me veio à mente a frase, acima citada, do
grande jurista da Suprema Corte americana, Louis Brandeis, reconhecido como o
advogado do povo.
Ciro Gomes parece desejar que os brasileiros
concretizem o sonho de ver nosso país com um sistema de finanças sustentáveis.
Neste caso, dá para acreditar mais nele do que em muitos banqueiros que há
poucos dias assinaram o documento em favor da democracia, lido em várias partes
do país. O que eles querem é um pacto que os deixe livres para ganhar dinheiro
em detrimento da sociedade.
Diante das várias catástrofes financeiras,
ocorridas em vários países do mundo, danos e decadência das condições socioeconômicas
são socializados na forma de salários e pensões reduzidos. Além disto, aumento
de impostos, redução dos gastos em educação e saúde, perdão de dívidas de
fazendeiros e banqueiros levam ao aumento do desemprego e pobreza, segregação
social e o surgimento de grupos extremistas, como no caso da Europa, e da
criminalidade, como no caso do Brasil.
Consequentemente, os sistemas monetários atuais
são as principais causas de crises múltiplas, com débitos soberanos, destruição
ambiental, desemprego e desigualdades acentuadas. O discurso neoliberal nos
dias de hoje, no Brasil, enfatiza a destruição do bem-estar social, ataca os
sindicatos, e fortalece a desregulamentação, em que a liberdade é transferida
da liberdade humana para a liberdade do mercado, através de ações coercitivas
do Estado.
Ao longo
dos anos, o sistema financeiro dominante no Brasil conseguiu produzir a concentração econômica, de capital e de poder nas mãos de poucos que lucraram
muito, enquanto a maioria dos cidadãos são incapazes de confrontar as classes
dominantes levantando as vozes.
Tivemos, recentemente, o exemplo dos banqueiros
defendendo uma reforma da previdência em favor dos bancos, enquanto os
trabalhadores foram condenados, sem serem ouvidos, ao sofrimento para o resto
da vida. O país precisa de uma reforma da previdência para cortar privilégios e
acabar com as desigualdades gritantes, e não a que está aí destinada a
fortalecer o sistema financeiro privado.
Felizmente, o discurso de finanças sustentáveis, que exige um pensamento profundo, advindo de áreas como Ecologia
e Ciências Sociais, começa a surgir preocupado com a humanidade e o planeta
Terra. Alguns pesquisadores na área de finanças sustentáveis reconhecem que os
investimentos têm sido concebidos e executados através dos esquemas da
governança existente, que são incongruentes com os problemas de
sustentabilidade.
Todavia, mais recentemente, esquemas
corporativos financeiros estão sendo proposto nos Estados Unidos e Europa
enfatizando uma significante participação que pode ser aplicada às finanças
sustentáveis. O futuro da governança corporativa vai permanecer obscuro, mas as
recentes iniciativas podem acarretar uma profunda mudança sobre as suposições
básicas da governança corporativa dominante.
Na União Europeia, por exemplo, as finanças
sustentáveis são enfatizadas, levando-se em conta as considerações sociais e
ambientais que apoiam o crescimento econômico de uma forma sustentável, a longo
prazo, reduzindo as pressões sobre o meio ambiente, atacando a poluição e
aumentando a transparência através de uma governança apropriada.
Recentemente formou-se um grupo, composto de
especialistas da sociedade civil, do setor bancário, acadêmicos e observadores
internacionais, para propor recomendações de finanças sustentáveis. Acadêmicos já reconheceram que a teoria de
finanças tradicional e suas práticas são limitadas e direcionadas por um
conjunto de valores inapropriados, considerados insustentáveis, propondo uma
mudança paradigmática que enfatiza um esquema sustentável, que considera o
social e ambiental. Em resumo, uma teoria geral de finanças deve valorizar a
sustentabilidade e punir a poluição, por exemplo.
Já passou do tempo de se começar a discussão deste
tema na academia, onde boa parte dos acadêmicos no sistema financeiro são
responsáveis pela reprodução da estrutura de poder e exclusão, defendendo e
mantendo o status quo de um sistema financeiro insustentável e perverso.
Com a concentração de meia dúzia de bancos e a
riqueza nas mãos de poucos, sabemos que estamos longe de se pensar em
sustentabilidade e finanças sustentáveis no sistema financeiro. Mas, será que
ainda podemos fazer uma escolha e pensar em democracia?
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